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Abandono de imóveis entra no radar da segurança e mobiliza ações integradas em Três Lagoas

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
29/12/2025
às
7:45

A presença de imóveis abandonados transformados em pontos de uso e circulação de drogas passou a ser tratada como uma questão estratégica de segurança pública em Três Lagoas. Diante desse cenário, a Polícia Militar intensificou o trabalho preventivo e estruturou um levantamento detalhado dessas áreas, atuando de forma conjunta com a Prefeitura e outros órgãos públicos.

Segundo o comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Ronaldo Moreira, o diagnóstico revelou que o abandono de propriedades privadas tem papel central na concentração de ocorrências criminais em determinados bairros. Embora o município não apresente áreas sem cobertura policial, esses espaços desocupados acabam criando brechas que favorecem práticas ilícitas.

De acordo com o comandante, residências fechadas e sem manutenção tornam-se locais propícios para esconderijo, consumo de entorpecentes e apoio logístico a outras atividades criminosas. Esse tipo de situação, além de estimular o crime, amplia a sensação de insegurança entre moradores, mesmo em regiões com bons indicadores oficiais.

A resposta da corporação tem sido baseada em planejamento e articulação institucional. A Polícia Militar mapeou todos os imóveis com essas características e passou a compartilhar as informações com o poder público municipal, vereadores e setores responsáveis pela fiscalização urbana. Nesse contexto, a Lei Municipal nº 4.316, sancionada em junho, é apontada como um marco importante ao estabelecer critérios objetivos para caracterizar imóveis abandonados e prever penalidades aos proprietários, incluindo a possibilidade de demolição.

Para a PM, a existência desses locais dificulta a vigilância comunitária e reduz a efetividade das denúncias, exigindo maior deslocamento de efetivo policial para áreas específicas. A regularização ou eliminação desses pontos, avalia o comandante, permitiria uma utilização mais eficiente dos recursos e um avanço significativo na segurança e na percepção de tranquilidade da população.

Apesar dos índices positivos registrados no município, Ronaldo Moreira ressalta que fatores visuais, como casas fechadas, terrenos com mato alto e sinais de abandono, influenciam diretamente a sensação de insegurança. Por isso, ações urbanísticas e de fiscalização são consideradas complementares ao policiamento ostensivo.

O comandante também destaca que medidas práticas já começaram a apresentar resultados. Em alguns casos, após notificações e diálogo com os proprietários, imóveis foram reformados, pintados ou voltaram a ser utilizados comercialmente, deixando de representar pontos de risco para a comunidade.

A Polícia Militar evita divulgar os bairros com maior incidência desses imóveis, mas confirma que todos já estão identificados. A estratégia adotada é classificada como prevenção primária, focada em eliminar as condições que favorecem o crime antes que ele ocorra. Conforme explica o comandante, quando não há locais disponíveis para esconderijo, armazenamento de objetos furtados ou consumo de drogas, a criminalidade tende a recuar.

No enfrentamento ao tráfico, a corporação aponta resultados concretos. O aumento das apreensões de drogas e das prisões relacionadas ao comércio ilegal de entorpecentes ao longo do ano é atribuído diretamente ao mapeamento desses pontos vulneráveis e ao reforço da pressão policial. Segundo Ronaldo Moreira, a combinação de inteligência, presença ostensiva e ações integradas tem sido decisiva para manter os níveis de segurança em Três Lagoas.

Três Lagoas Club (TLC)

Um dos complexos abandonados mais emblemáticos em Três Lagoas é do mais tradicional e lembrado clube social da cidade. O que um dia foi sinônimo de glamour, encontros memoráveis e tradição social virou cenário de abandono, insegurança e decadência. O antigo Três Lagoas Club (TLC), localizado na Rua Generoso Siqueira, bairro Vila Nova é tema de cobranças contundentes da população e dos veredores.

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Entre as décadas de 1980 e 1990, o TLC era o coração pulsante da vida social da cidade. Bailes, festas, encontros culturais e celebrações marcaram gerações. Hoje, restam apenas paredes desgastadas, mato tomando conta da estrutura e vestígios de abandono por todos os lados. Portas arrombadas, sinais de invasão e uso indevido do espaço preocupam moradores, que relatam medo constante.

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A situação atual do prédio, segundo denúncias da própria comunidade, favorece a presença de usuários de drogas e o aumento da insegurança no entorno.

Mais do que um imóvel esquecido, o antigo clube representa uma memória coletiva que se deteriora dia após dia. Sem qualquer projeto oficial de restauração e com a posse do terreno ainda indefinida, o futuro do espaço é incerto.

Antigos frequentadores, moradores da região e líderes comunitários defendem a transformação do espaço em um centro cultural, esportivo ou educacional. A ideia é resgatar a função social do local e devolvê-lo à população, com nova roupagem, mas mantendo viva sua importância histórica.

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