Mato Grosso do Sul enfrenta um verdadeiro apagão aéreo. A companhia Azul, principal operadora de voos no Estado, vem descontinuando rotas importantes e reduzindo drasticamente suas operações, o que já afeta cidades como Três Lagoas, Corumbá e Campo Grande. A situação preocupa autoridades, empresários e o setor turístico.
O mais novo corte anunciado foi o voo direto entre Viracopos (SP) e Corumbá, rota essencial para o ecoturismo e para a integração regional, principalmente por ser porta de entrada para o Pantanal e para visitantes vindos da Bolívia. A suspensão está prevista para acontecer a partir de 22 de setembro, deixando o município sem nenhum voo comercial.
O corte de voos acontece no mesmo momento em que a concessionária Aena anuncia um investimento de R$ 600 milhões em aeroportos sul-mato-grossenses. Corumbá, Campo Grande e Ponta Porã fazem parte do pacote de melhorias. No caso de Corumbá, a previsão é de ampliação da estrutura de 1.950 m² para 2.850 m², com capacidade projetada para 100 mil embarques e desembarques anuais até 2026.
O problema é que, sem companhias interessadas em operar rotas, os investimentos podem se tornar ineficazes. Em Campo Grande, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, chegou a afirmar que a Azul enfrenta dificuldades desde a pandemia e busca um empréstimo de R$ 1,5 bilhão para reestruturação. Mesmo assim, garantiu que o governo federal, em parceria com o Estado, busca diálogo com outras companhias, como a Gol, para retomar rotas.

Três Lagoas está sem voos desde março
Outro exemplo do enfraquecimento da malha aérea sul-mato-grossense é Três Lagoas. Desde março, a cidade – considerada o polo da celulose no Brasil – está sem voos comerciais. Com grande fluxo de empresários e trabalhadores da indústria, a cidade negocia desde então a retomada de voos, até agora sem sucesso.
Além disso, a partir de julho, a Azul também deixará de operar voos diretos de Campo Grande para duas importantes capitais: Curitiba (PR) e Cuiabá (MT). Com a mudança, será necessário fazer conexão em Viracopos para alcançar esses destinos.
Outras cidades em risco
Bonito e Ponta Porã ainda mantêm voos operados pela Azul, mas há especulações sobre o futuro dessas rotas. A empresa, no entanto, não confirma se haverá suspensão. O que se sabe é que, caso isso ocorra, os dois municípios também poderão ficar sem qualquer ligação aérea comercial.
Enquanto a infraestrutura cresce, as aeronaves desaparecem. O descompasso entre investimento e operação ameaça o turismo, a economia e a conectividade de Mato Grosso do Sul com o restante do país.