O Centro-Oeste brasileiro está prestes a consolidar sua posição como a região de maior crescimento econômico do país em 2025. Mato Grosso do Sul e Mato Grosso serão os grandes destaques, com previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,4% e 3,7%, respectivamente. A principal razão para essa ascensão? O agronegócio, que dá sinais claros de recuperação após um ano de desafios climáticos.
De acordo com um estudo da consultoria Tendências, publicada nesta segunda-feira (3) em diferentes veículos de comunicação do Brasil, a região Centro-Oeste é a única do país que apresentará aceleração econômica em 2025, com projeção de crescimento de 2,8%, superando os 2% estimados para 2024. O destaque se deve à recuperação da produção de grãos, que sofreu uma retração em 2023/2024, mas deve alcançar um novo recorde na safra 2024/2025.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos pode chegar a 322,25 milhões de toneladas, um crescimento de 8,1% em relação ao ciclo anterior.
A economista Camila Saito, sócia da Tendências Consultoria, destaca que o agronegócio será o grande motor desse crescimento. "O Centro-Oeste tem um cenário mais positivo para 2025, principalmente por causa do agro, que deve ter uma recuperação significativa", afirma. Atualmente, a região responde por 50% da produção nacional de grãos, o que reforça sua importância na economia brasileira.
A soja deve ser uma das grandes protagonistas desse avanço econômico em Mato Grosso do Sul, juntamente com a celulose e a pecuária. A produção de soja, que já representa uma das principais commodities do estado, deve se beneficiar da recuperação climática e de uma demanda crescente no mercado internacional. A celulose, por sua vez, continua a expandir sua participação na economia estadual, impulsionada pelo aumento das exportações e novos investimentos na indústria. Já a pecuária, setor tradicionalmente forte no estado, segue registrando alta na produção e exportação de carne bovina, consolidando-se como um dos pilares do crescimento regional.
A queda de 6,1% no PIB agropecuário da região em 2024 foi impactada diretamente pelos efeitos climáticos adversos, que afetaram culturas-chave como milho e soja. No entanto, a pecuária, em especial a produção de carne bovina, ajudou a mitigar perdas e garantir uma base sólida para a retomada econômica. Em 2025, o PIB agropecuário da região deve crescer 6%, impulsionando também os setores de serviços e comércio.
Com essa projeção otimista, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul retomam sua posição de protagonistas no crescimento econômico nacional, status que já haviam alcançado em 2022 e 2023, quando registraram avanços expressivos no PIB. O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, comemorou as projeções positivas e destacou a importância das políticas estaduais para o crescimento.
"Este avanço reforça o impacto das medidas que adotamos, como a redução de impostos, incentivos a novos investimentos e modernização da infraestrutura", afirmou.
No entanto, apesar da expansão da economia do Centro-Oeste, o Brasil como um todo deve enfrentar uma desaceleração econômica. A taxa básica de juros em 13,25% encarece o crédito para famílias e empresas, reduzindo o potencial de crescimento do PIB nacional, cuja projeção para 2025 é de apenas 2%, conforme o relatório Focus do Banco Central.
Outro reflexo do crescimento econômico da região é o aumento do poder de consumo. Em 2024, o potencial de consumo do Centro-Oeste atingiu R$ 660 bilhões, representando 9,02% do total nacional, segundo a pesquisa IPC Maps. O avanço tem sido consistente ao longo dos anos: em 2015, essa participação era de 8,39%, com um volume de R$ 313 bilhões.
Esse aumento também tem impactado positivamente o mercado imobiliário. Goiânia, por exemplo, tem se destacado entre as capitais brasileiras na demanda por imóveis de diferentes padrões, reflexo direto da expansão econômica e da proximidade com polos produtivos como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O índice de Demanda Imobiliária, calculado pelo Ecossistema Sienge e divulgado em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), aponta a capital goiana como uma das líderes na procura por imóveis de padrão econômico, médio e alto padrão.
Além disso, o setor financeiro também sente os impactos positivos do crescimento agropecuário. O volume financeiro do segmento private (que inclui investidores com mais de R$ 5 milhões aplicados) no Centro-Oeste chegou a R$ 78,8 bilhões em novembro de 2024. Nos últimos três anos, o crescimento da região nessa categoria foi de 20,9%, o ritmo mais acelerado do país, que no mesmo período registrou uma média de 9,3%.
O desempenho econômico positivo de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso confirma o papel central do agronegócio na economia brasileira. Com safras recordes, aumento no consumo e aquecimento do setor imobiliário e financeiro, os dois estados despontam como grandes protagonistas do crescimento nacional em 2025. Se as previsões se concretizarem, o Centro-Oeste continuará sendo o grande motor econômico do país nos próximos anos.