O prefeito de Três Lagoas, Cassiano Maia, trocou o PSDB pelo PP, em uma articulação política que redesenhou o mapa de prefeitos de Mato Grosso do Sul e reforçou a base do governador Eduardo Riedel.
A mudança integra uma estratégia maior comandada pelo ex-governador Reinaldo Azambuja, que também deixou os tucanos para se filiar ao PL após meses de negociações.
De acordo com documento da Casa Civil, que vazou e foi divulgado pela imprensa da capital, a reorganização partidária prevê que 18 prefeitos antes vinculados ao PSDB migrem para o PL, ampliando a sigla ligada a Jair Bolsonaro para 23 prefeituras.
Outros quatro prefeitos, entre eles Cassiano Maia, foram deslocados ao PP, enquanto 22 permanecem no PSDB. O movimento consolida o domínio de três legendas (PL, PP e PSDB) sobre 67 dos 79 municípios do Estado, que juntos somam mais de 1,7 milhão de eleitores.
Fortalecimento
Com a chegada de Cassiano Maia (Três Lagoas), Antônio Pé (Antônio João), Nelson Cintra (Porto Murtinho) e Gilson Marcos da Cruz (Juti), o PP passa a controlar 22 prefeituras, incluindo a Capital, Campo Grande.
Apesar da representatividade, o partido enfrenta a dificuldade de sustentar a imagem da prefeita da Capital, que tem baixa aprovação popular, e de blindar Riedel de desgastes políticos.
O PSDB, por sua vez, resiste com 22 prefeituras e forte presença em cidades-polo como Dourados, Paranaíba e Nova Andradina. Essa capilaridade no interior garante aos tucanos poder de barganha e a possibilidade de estruturar chapas competitivas nas eleições de 2026.
Já o PL, agora casa política de Azambuja, emerge como o partido com o maior número de prefeituras — 23 no total —, com foco em municípios de menor porte. A estratégia é consolidar uma base territorial ampla que sustente futuros projetos eleitorais.
A filiação oficial dos novos prefeitos e de Azambuja estava prevista para 12 de setembro, mas foi adiada para o dia 21, após críticas do deputado estadual João Henrique Catan. O parlamentar, que se posiciona como oposição a Azambuja e Riedel, chamou atenção para a coincidência da data original com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no TSE.
O novo mapa político deixa claro que a disputa pela hegemonia em Mato Grosso do Sul será travada entre PL, PP e PSDB, num equilíbrio delicado entre alianças locais, estratégias estaduais e reflexos da política nacional.