A construção do contorno rodoviário de Três Lagoas — considerada uma das mais estratégicas para o futuro logístico e urbano da cidade — permanece sem avanços desde o fim de 2024.
Após ser interrompida por conta das chuvas, a obra deveria ter sido retomada no início de 2025, o que não aconteceu. Um impasse entre o projeto e a execução contratada tem travado o recomeço.
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a empresa responsável alegou desequilíbrio financeiro, apontando divergências entre o anteprojeto original e as exigências da execução. O ponto central envolve o fornecimento de insumos como brita e areia, previstos inicialmente como de produção própria pela empreiteira — mas que, na prática, foram adquiridos no mercado, gerando aumento nos custos.
“Esses materiais estavam incluídos como itens de extração, mas a empresa não conseguiu licenciamento ambiental nem acesso às jazidas. Isso elevou os custos e motivou o pedido de reequilíbrio”, explicou o engenheiro Milton Rocha Marinho, do Dnit.
O órgão avalia se há viabilidade jurídica para atender à solicitação. Caso o reequilíbrio não seja autorizado, duas possibilidades permanecem: a empresa concluir a obra mesmo com prejuízo ou a rescisão contratual, com nova licitação. “É uma decisão delicada. Uma nova contratação pode provocar atrasos ainda maiores”, avalia Marinho.
Apesar do impasse, há cerca de R$ 33 milhões já disponíveis por meio de emendas parlamentares, suficientes para financiar ao menos dois meses de obras. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, chegou a anunciar a destinação de R$ 200 milhões para o projeto — embora os valores ainda não constem oficialmente no orçamento federal.
A obra faz parte do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas, até agora, a continuidade depende da formalização de recursos por parte da bancada federal. A expectativa do Dnit é que, se o reequilíbrio for autorizado, os trabalhos possam ser retomados em julho.
Mais da metade da obra já foi executada, com 15 quilômetros de pista concretada. O projeto prevê a construção de sete estruturas especiais: seis viadutos e uma ponte sobre o Córrego do Onça, que devem começar simultaneamente assim que a execução for retomada.
Outro entrave já superado foi a questão do Cinturão Verde, área ocupada por famílias. Após tratativas e apoio do Judiciário, as indenizações pelas benfeitorias foram acordadas e os moradores começaram a ser indenizados.
Importância estratégica
O contorno rodoviário visa desviar o tráfego pesado da avenida Ranulpho Marques Leal, desafogando o trânsito urbano e melhorando a segurança viária. Além disso, a obra deve impulsionar o desenvolvimento de Três Lagoas, garantindo estrutura para acompanhar o crescimento industrial e populacional do município.
“É um projeto de engenharia moderno, com pavimento em concreto, iluminação adequada e interseções bem definidas. Seu impacto será sentido por toda a cidade quando os viadutos estiverem de pé”, afirma Marinho.
Ele reforça que, apesar dos desafios, a obra é essencial. “Se não for concluída, o atual sistema viário não dará conta do crescimento de Três Lagoas nos próximos anos.”