Mato Grosso do Sul enfrenta um déficit significativo de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, conforme levantamento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib). O Estado apresenta uma oferta total de 119 leitos (62 pelo Sistema Único de Saúde - SUS e 57 pela rede suplementar), o que resulta em uma média de apenas 2,96 leitos por mil nascidos vivos, abaixo da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de quatro leitos por mil nascidos vivos.
Quando considerados apenas os leitos públicos, a situação se agrava, com a taxa caindo para 1,54 leitos por mil nascidos vivos, evidenciando uma dependência do setor privado.
O cenário de Mato Grosso do Sul não é isolado. De acordo com a Amib, 17 estados brasileiros possuem uma quantidade de leitos neonatais abaixo da meta recomendada pela OMS. Para atingir a cobertura mínima, seria necessário criar cerca de 1.500 novos leitos em todo o país.
Enquanto a média nacional, considerando redes pública e privada, está em 4,06 leitos por mil nascidos vivos, o número cai para apenas 2,03 quando avaliados exclusivamente os leitos do SUS. Esse déficit no sistema público atinge todos os estados, onde nenhum alcança a meta estipulada.
Os estados com os piores índices são Acre, Amazonas, Roraima e Maranhão, com menos de dois leitos por mil nascidos vivos, metade da média nacional.
Embora estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná atendam ou superem a recomendação mínima considerando leitos públicos e privados, o levantamento revela uma desigualdade significativa na distribuição geográfica e no acesso aos leitos de UTI neonatal.
"A dependência do setor privado e a má distribuição dos leitos destacam as falhas estruturais no sistema de saúde brasileiro, especialmente no atendimento neonatal pelo SUS", afirmou uma intensivista em nota.
A situação exige atenção urgente para equilibrar o acesso aos serviços de saúde e garantir suporte adequado aos recém-nascidos em situações críticas.