A violência contra os profissionais de enfermagem em Mato Grosso do Sul tem se tornado uma preocupação crescente. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e do Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem (Sinte), mais de 60 casos de agressões foram registrados no ano de 2024, mas esses números representam apenas uma parte do problema, já que não incluem as subnotificações ou casos envolvendo profissionais da rede estadual e da iniciativa privada. A cada incidente, a categoria vê sua luta e sua dignidade ameaçadas, o que compromete a qualidade do atendimento à população.
Recentemente, dois casos de agressão contra profissionais de saúde, um em Campo Grande e outro em Água Clara. O caso da socorrista do SAMU, de 36 anos, que foi agredida pelo filho de uma paciente enquanto prestava socorro à vítima, e o episódio de Água Clara, em que uma enfermeira de 23 anos foi agredida enquanto atendia uma paciente em uma unidade de saúde, ganharam destaques na mídia e reforçam a urgência de ações para combater essa violência.
Em ambos os casos, o Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Coren-MS) classificou os atos como “covardia”, manifestando repúdio e destacando a necessidade urgente de respeito aos profissionais de saúde.
Outros Casos
Os dados apresentados não refletem a realidade de outros profissionais da saúde que também têm sido vítimas de violência, como médicos, técnicos e administrativos. Um exemplo trágico dessa violência ocorreu em Dourados, onde o médico Edvandro Braz foi brutalmente assassinado após um atendimento na unidade de saúde. O caso gerou comoção na cidade, e a prefeitura decretou luto oficial de três dias.
O presidente do Coren-MS, Leandro Rabelo, destaca a importância de agir para proteger a categoria: “É inconcebível que profissionais da saúde, que se dedicam a salvar vidas, se vejam vítimas de violência. A sociedade precisa se unir para garantir que esses trabalhadores possam exercer suas funções com segurança e respeito. Exigimos mais firmeza no cumprimento da lei para que esse tipo de crime seja punido”, defende.
Os episódios refletem uma realidade, infelizmente, cada vez mais comum, onde a falta de respeito e a agressividade afetam não apenas a integridade dos profissionais, mas também a qualidade do atendimento prestado à população. O Conselho reforça que todos têm o direito de trabalhar em um ambiente seguro e livre de agressões, sejam físicas ou verbais. A violência contra os profissionais de saúde é um crime contra a sociedade, que depende desses trabalhadores para garantir a saúde e o bem-estar da população.
Medidas enérgicas
O Coren-MS clama ao Poder Público por uma atuação mais enérgica e rigorosa em relação a esse tipo de crime. É imperativo que as prefeituras, o estado e a federação, responsáveis pelos serviços emergenciais, façam algo para assegurar o labor, a integridade física e psicológica dos profissionais de saúde.
Leandro Dias já solicitou medidas as autoridades competentes.
“Espero que tomem as devidas providências para que atos de violência como estes não se repitam, não apenas a Enfermagem, mas todos os profissionais da saúde, para que possamos continuar a cumprir nossos papéis de extrema importância na sociedade com segurança, qualidade e, principalmente, dignidade”, reforça.
Semana Estadual de Enfrentamento à Violência Contra Profissionais da Saúde
O presidente, Leandro Dias, participou de uma reunião com a Deputada Estadual Lia Nogueira (PSDB), para discutir sobre esse sensível tema, e sugeriu a criação da Semana Estadual de Enfrentamento à Violência Contra Profissionais da Saúde.
A Semana tem como propósito, promover debates, palestras, campanhas educativas e ações que envolvam gestores, profissionais da saúde, órgãos de segurança pública e a sociedade em geral, com vistas a conscientizar sobre os impactos da violência e implementar estratégias que assegurem condições dignas e seguras para o exercício da profissão.