O reajuste salarial que colocou Adriane Lopes (PP), prefeita reeleita de Campo Grande, no topo da lista de maiores salários entre gestores de capitais no Brasil acendeu um debate sobre a remuneração de prefeitos no Mato Grosso do Sul.
Com um aumento de 96%, o vencimento de Adriane saltou de R$ 21,2 mil para R$ 41,8 mil mensais. Apesar do valor expressivo, proporcionalmente, ela ainda recebe menos que prefeitos de municípios menores do estado.
Em Mato Grosso do Sul, os salários variam de R$ 9,9 mil, pagos a Claudião (PSDB), prefeito de Jaraguari, a R$ 41,8 mil, recebido por Adriane Lopes, na capital. A discrepância de R$ 31,9 mil evidencia a desigualdade na remuneração dos chefes do Executivo municipal, influenciada por diferentes legislações locais e contextos populacionais.
Quem ganha mais e onde o custo é maior por habitante
Enquanto Adriane lidera em valor absoluto, o cenário muda quando o critério é o custo por habitante. Jateí, com apenas 3.856 moradores, apresenta o maior custo proporcional: R$ 7,60 por habitante, para um salário de R$ 29,3 mil pagos à prefeita Cleide Cabral (PSDB).
Em contraste, Campo Grande tem o menor custo per capita, de apenas R$ 0,045, considerando sua população de mais de 916 mil habitantes.
Top 5 maiores salários absolutos no estado:
- Campo Grande: R$ 41,8 mil (Adriane Lopes - PP)
- São Gabriel do Oeste: R$ 39 mil (Jeferson Tomazoni - PSDB)
- Chapadão do Sul: R$ 36,9 mil (Walter Schlatter - PP)
- Sidrolândia: R$ 36 mil (Rodrigo Basso - PL)
- Aparecida do Taboado: R$ 35 mil (José Natan - PP)
Top 5 maior custo por habitante:
- Jateí: R$ 7,60/habitante (Cleide Cabral - PSDB)
- Taquarussu: R$ 5,32/habitante (Clóvis Nascimento - PSDB)
- Paraíso das Águas: R$ 5,22/habitante (Ivan Xixi - PSDB)
- Novo Horizonte do Sul: R$ 4,61/habitante (Guga - PSDB)
- Caracol: R$ 3,66/habitante (Neco Pagliosa - PSDB)
Os 10 prefeitos com os maiores salários em números absolutos:
1. Campo Grande - R$ 41,8 mil (Adriane Lopes - PP)
2. São Gabriel do Oeste - R$ 39 mil (Jeferson Luiz Tomazoni - PSDB)
3. Chapadão do Sul - R$ 36,9 mil (Walter Schlatter - PP)
4. Sidrolândia - R$ 36 mil (Rodrigo Basso - PL)
5. Aparecida do Taboado - R$ 35 mil (José Natan - PP)
6. Ivinhema - R$ 35 mil (Juliano Ferro - PSDB)
7. Naviraí - R$ 35 mil (Rodrigo Sacuno - PL)
8. Rio Brilhante - R$ 34,7 mil (Lucas Foroni - PSDB)
9. Bataguassu - R$ 34,5 mil (Wanderleia Caravina - PSDB)
10. Três Lagoas - R$ 34,5 mil (Dr. Cassiano Maia - PSDB)
Falta de transparência
Mesmo com consultas a portais de transparência, diários oficiais e contato com prefeituras, os salários de 13 municípios não foram obtidos, incluindo Douradina e Guia Lopes da Laguna. A ausência de dados reforça a necessidade de maior clareza e fiscalização no uso de recursos públicos.
Sergio Barbosa (MDB), prefeito de Amambai, corrigiu uma informação previamente divulgada: seu salário, anteriormente listado como R$ 26,5 mil, foi reduzido para R$ 17.143,92 após revogação da lei que previa o valor maior.
Sistemática
Os salários dos prefeitos seguem leis municipais aprovadas pelas câmaras de vereadores, respeitando limites constitucionais.
Em cidades menores, o teto é de 20% do subsídio de ministros do STF, enquanto em grandes municípios pode chegar a 50%.
Reajustes são permitidos fora de anos eleitorais, desde que transparentes e justificáveis.
Essa análise reflete um desafio constante: equilibrar remuneração justa aos gestores e sustentabilidade financeira aos municípios, sem abrir mão da transparência.