Publicidade evento Churrascaje 2024

Eldorado inicia movimento para dobrar produção e mira expansão bilionária em Três Lagoas

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
2/12/2025
às
7:20

A Eldorado Brasil, uma das gigantes do setor de celulose instalada em Três Lagoas, começou a preparar terreno para o maior salto de sua história recente: a duplicação da capacidade produtiva da fábrica.

O plano, que deve exigir algo próximo de R$ 15 bilhões em investimentos, volta ao radar após a resolução da disputa societária entre o grupo J&F e a Paper Excellence, encerrada há pouco mais de seis meses.

Segundo apurado pelo portal The AgriBiz, a empresa já trabalha nos bastidores para ampliar de maneira significativa a área de florestas plantadas. A partir de 2026, o ritmo anual de plantio — hoje na casa dos 25 mil hectares — poderá saltar para até 50 mil hectares de eucalipto.

O gerente-geral florestal da empresa, Carlos Justo, explicou que a estratégia é essencial para sustentar o projeto de ampliação: “Uma fábrica se constrói em três anos, mas a floresta leva sete. O aumento do plantio é o passo inicial para a duplicação”, afirmou ao site.
Carlos Justo, da Eldorado Brasil | reprodução Linkedin

Inaugurada em 2012, a unidade sul-mato-grossense foi construída para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano. Hoje, entrega cerca de 1,8 milhão, operando 20% acima da capacidade inicial. A meta de longo prazo é chegar a 3,6 milhões de toneladas anuais, consolidando Três Lagoas ainda mais como polo global do setor.

Para alimentar a fábrica atual, a Eldorado colhe aproximadamente 25 mil hectares por ano e administra um mosaico de cerca de 300 mil hectares de florestas plantadas, quase todas obtidas por meio de arrendamento — modelo que tende a permanecer, já que boa parte das áreas foi contratada na época em que a Paper Excellence, por ser estrangeira, não podia adquirir terras no Brasil.

O ambiente mudou: com a pacificação societária e a aceleração de investimentos privados no MS, propriedades maiores estão voltando ao mercado. Um exemplo citado pelo setor é a Fazenda Debrasa, em Brasilândia, com cerca de 3 mil hectares.

“Houve um período de cautela. Hoje, o mercado entendeu o potencial da celulose e propriedades maiores começam a surgir”, disse Justo.

O avanço da silvicultura no Estado tem sido impulsionado também pela rentabilidade. Consultorias especializadas, como a Acres, apontam rendimento anual médio de 6,8% para arrendamentos florestais — acima dos ganhos tradicionais da pecuária e de boa parte das culturas agrícolas.

A expansão do setor tem sido distribuída sem grandes conflitos de área. A baixa densidade populacional e a quantidade de terras aptas para conversão ajudam o avanço ordenado do eucalipto em Mato Grosso do Sul.

Tecnologia como eixo da nova fase

Além da ampliação territorial, a Eldorado aposta em tecnologia para otimizar cada etapa do processo, da semente ao corte final. A empresa foi pioneira no arrendamento de larga escala no setor, e agora pretende repetir o protagonismo com sistemas digitais de manejo e colheita.

A empresa já garantiu 15 mil hectares adicionais em novos contratos, quase completando o volume necessário para manter o ritmo de expansão a partir de 2026.

Com o fim da disputa bilionária e uma estratégia agressiva de plantio, a duplicação da fábrica de Três Lagoas entra oficialmente em fase de preparação — um movimento que pode reposicionar ainda mais o Mato Grosso do Sul no mapa global da celulose.