O rompimento de uma barragem, no geral, especialmente em um ambiente construído próximo a um córrego pode ter diversos impactos ambientais e ecológicos significativos. O engenheiro civil e professor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (FAENG-UFMS), informou que sobre o rompimento específico da barragem do condomínio Nasa Park ainda não tem condições de avaliar, pois, são necessárias inspeção e perícia locais.
Nesta terça-feira (20), a barragem de represa do loteamento de luxo rompeu e a água acabou destruindo três residências, arrastou veículos e invadiu a BR-163, que fica entre Campo Grande e Jaraguari. Conforme o Corpo de Bombeiros, o condomínio não tinha certificado de vistoria e agora, as equipes de segurança atuam para analisar as questões de segurança e possíveis irregularidades e, com isso, a notificação será enviada para os proprietários.
De acordo com o especialista, alguns dos possíveis típicos impactos de uma situação como o rompimento é a erosão, transporte e deposição de sedimentos – que é a força da água liberada pode causar erosão severa nas margens do córrego, removendo solo, vegetação e modificando a paisagem natural. "O material erodido pode ser transportado e depositado no leito do córrego e em áreas adjacentes, o que pode afetar a qualidade da água e os habitats aquáticos".
Além disso, a contaminação da água, se a barragem continha sedimentos ou poluentes acumulados, como metais pesados, nutrientes (como nitratos e fosfatos), ou substâncias químicas provenientes de atividades humanas, esses materiais podem ser liberados no córrego, contaminando a água. "A contaminação pode afetar a saúde dos organismos aquáticos, desde microorganismos até peixes, além de prejudicar a potabilidade da água para consumo humano e animal".
"A perda de habitat que é o fluxo repentino de água pode destruir habitats aquáticos, como leitos de peixes e áreas de reprodução, afetando a biodiversidade local. A vegetação nas margens do córrego – vegetação ripária pode ser arrancada ou sufocada pela sedimentação, levando à perda de espécies vegetais nativas e à diminuição da estabilidade das margens. Pode ocorrer perdas ou prejuízos de bens materiais, animais domésticos e criações", explicou o engenheiro.
Por fim, as mudanças no curso do córrego, no qual, o fluxo de água pode modificar o curso natural do córrego, criando novos canais ou alargando áreas específicas.
"Áreas que antes estavam secas podem ser inundadas, o que pode impactar negativamente as infraestruturas próximas, como estradas e edificações. Se houver outras barragens ou infraestruturas hidráulicas na região, o rompimento pode desencadear um efeito dominó, com impactos cumulativos mais amplos na microbacia hidrográfica".
As equipes do Corpo de Bombeiros, CCR MSVia, Defesa Civil, Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Defesa Civil, Polícia Rodoviária Federal, Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) e o Detran (Departamento Estadual de Trânsito), estão atuando em conjunto na região para avaliar os danos causados pelo incidente. Não houve registro de mortes, mas já foi identificada uma residência totalmente atingida pela água, além de danos parciais em duas estruturas de criação de animais.
Em um evento público, o governador Eduardo Riedel, reforçou que o Estado de Mato Grosso do Sul está acompanhando de perto o que está acontecendo.
"Por enquanto não podemos nos envolver, pois, é uma propriedade privada. Vale destacar que a população local está sendo informada pelos órgãos públicos que seguem na região para mitigar os efeitos do rompimento da barragem", disse Riedel.
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