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Etanol de milho impulsiona MS ao centro da transição energética e do agro sustentável

Foto: reprodução
Da redação
24/12/2025
às
7:25

Mato Grosso do Sul avança com força no mapa brasileiro da bioenergia e passa a ocupar posição de destaque em um dos segmentos mais estratégicos da economia verde: a produção de etanol a partir do milho. A combinação entre tecnologia industrial, vocação agrícola e demanda crescente por combustíveis renováveis projeta o Estado como um dos principais polos do setor no país.

A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que, na safra 2025/2026, a produção total de etanol em MS deve atingir 4,9 bilhões de litros, com quase metade desse volume — 42,8% — originado do milho. O número confirma a rápida diversificação da matriz energética estadual e sinaliza uma mudança estrutural no modelo produtivo.

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o avanço das usinas de etanol de milho tem ampliado as alternativas de mercado para o produtor rural, reduzindo a dependência da exportação e os custos com transporte. Na safra atual, três unidades industriais — duas localizadas em Dourados e Sidrolândia e outra em Maracaju — responderam por mais de um terço da produção estadual, que somou 4,3 bilhões de litros.

Além de fortalecer a renda no campo, o setor contribui diretamente para metas ambientais mais ambiciosas, como o compromisso de tornar o Estado carbono neutro até 2030. O impacto positivo também se reflete na geração de empregos, na atração de investimentos e na agregação de valor à produção agrícola, posicionando o etanol de milho como uma engrenagem-chave do desenvolvimento sustentável.

Para o analista de economia do Sistema Famasul, Jean Américo, o movimento simboliza uma virada energética com ganhos amplos. Segundo ele, ao manter parte significativa da produção dentro do Estado, cria-se um ambiente mais seguro para o agricultor, com maior previsibilidade de preços e fortalecimento da economia regional. “O produtor passa a ter uma alternativa competitiva, com menos riscos logísticos e mais integração com a indústria”, avalia.

Esse novo arranjo produtivo tem incentivado a manutenção e até a expansão do milho de segunda safra, cuja produção deve alcançar 14 milhões de toneladas neste ciclo. A demanda constante das usinas, aliada à valorização regional do grão e à oferta de coprodutos, reforça a atratividade da cultura e estimula modelos integrados de produção.

No cenário nacional, Mato Grosso do Sul já figura entre os maiores produtores de etanol de cana-de-açúcar e acelera, nos últimos anos, a consolidação do etanol de milho como um diferencial competitivo. Para o presidente da Biosul, Amaury Pekelman, a estratégia fortalece o protagonismo estadual no setor de biocombustíveis. Ele destaca que, com 22 usinas em operação — sendo 19 de cana e três de milho — o Estado caminha para se firmar como um hub de energia limpa, combinando eficiência industrial, inovação e sustentabilidade.

Outro fator decisivo é o aproveitamento dos coprodutos gerados no processamento do milho, como DDG, WDG, óleo de milho e CO₂ industrial. Esses insumos retornam ao campo e alimentam cadeias como a pecuária, a suinocultura e a avicultura, reduzindo custos e fortalecendo a integração entre agricultura e produção de proteína animal. Segundo a Famasul, esse fluxo cria um ciclo virtuoso, estimula investimentos em ração, confinamento e logística e consolida um modelo econômico mais resiliente e de baixo carbono para o futuro do Estado.