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Exportações de carne bovina disparam em MS e sustentam preços mesmo em cenário global adverso

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
23/12/2025
às
8:00

As exportações de carne bovina de Mato Grosso do Sul aceleraram de forma expressiva no segundo semestre e consolidaram 2025 como um ano de forte desempenho para a pecuária estadual. Entre julho e novembro, o Estado embarcou 165,4 mil toneladas do produto, superando em 13% todo o volume registrado no primeiro semestre e ficando 18% acima do resultado do mesmo período de 2024.

O avanço não se limitou ao volume. Em termos de faturamento, as vendas externas alcançaram US$ 1,7 bilhão, crescimento de 51,1% na comparação com o total movimentado ao longo de 2024. O salto representa um acréscimo de US$ 516 milhões em relação ao ano anterior, reforçando o peso da carne bovina sul-mato-grossense na balança comercial do agro brasileiro.

Mesmo diante de um ambiente internacional mais desafiador, com a imposição temporária de tarifas adicionais pelos Estados Unidos ao longo do ano, o setor manteve trajetória de expansão. As sobretaxas, que chegaram a alcançar 50% antes de serem suspensas em novembro, não frearam o ritmo dos embarques, e seus efeitos completos ainda devem ser sentidos apenas nos próximos meses.

A avaliação de especialistas é de que a combinação entre demanda externa consistente e ganhos de eficiência produtiva explica a resiliência do setor. O aumento do confinamento e a adoção de tecnologias mais modernas reduziram o ciclo de engorda, garantiram maior previsibilidade de oferta e permitiram regularidade no fornecimento à indústria. Entre julho e novembro, o abate total cresceu 6% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, enquanto o abate de animais jovens avançou 7%, evidenciando a modernização dos sistemas produtivos.

Outro fator apontado como decisivo foi o maior uso de instrumentos de gestão de risco, como as travas de preços, que ajudaram os produtores a atravessar um período de custos elevados com mais segurança financeira e menor exposição à volatilidade do mercado.

No mercado interno, o ritmo elevado de abates aumentou a disponibilidade de carne acima do padrão histórico para o período. Ainda assim, os preços reagiram no último trimestre. A arroba do boi gordo acumulou valorização de cerca de 5,6% entre o início de outubro e meados de novembro, enquanto a carcaça casada subiu quase 8%, sustentada principalmente pelo bom desempenho das exportações.

Representantes do setor destacam que, sem o mercado internacional aquecido, a pressão sobre os preços domésticos seria maior, já que o consumo interno ainda não apresenta força suficiente para absorver toda a oferta. Apesar disso, a expectativa de uma valorização mais intensa da arroba no fim do ano não se confirmou, mantendo o mercado firme, porém estável.

Para 2026, o cenário projetado é de continuidade positiva. A perspectiva é de exportações robustas, oferta gradualmente mais ajustada com a virada do ciclo pecuário e um mercado interno que tende a ganhar equilíbrio com a melhora das pastagens. Caso o consumo doméstico reaja, especialistas avaliam que o setor pode entrar em um novo momento, marcado não apenas por sustentação, mas por uma recuperação mais clara dos preços ao produtor.