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Fila do INSS reúne mais de 38 mil pessoas que aguardam por benefícios em MS

Foto: reprodução
Da redação
28/10/2025
às
7:15

A fila de espera por benefícios do INSS em Mato Grosso do Sul atingiu um dos piores níveis dos últimos anos. Em apenas 12 meses, o número de processos praticamente triplicou — saltando de 13 mil em agosto de 2024 para mais de 38 mil em agosto deste ano — e a tendência é de novos aumentos nos próximos meses.

O salto de quase 190% evidencia uma crise estrutural no sistema previdenciário, que tem impactado especialmente aposentados, pessoas com deficiência e trabalhadores afastados por incapacidade. Segundo o Ministério da Previdência Social, o Estado acumula 9.750 pedidos com até 45 dias de espera e outros 9.039 que já ultrapassam o prazo legal para análise, de 45 dias.

De acordo com especialistas, o colapso é resultado de uma combinação de fatores: falta de pessoal, interrupção de programas de produtividade e aumento da demanda. A advogada previdenciária Juliane Penteado explica que o crescimento da fila “tem origem em falhas de gestão interna, especialmente nas perícias médicas, que sofrem com a lentidão e a falta de estrutura adequada”.

A situação se agravou com a suspensão do Programa de Gestão de Benefícios (PGB), criado para reduzir o tempo de espera e acelerar a liberação de benefícios. O programa oferecia bônus a servidores e peritos — R$ 68 por processo concluído e R$ 75 por perícia médica extra —, mas foi interrompido por falta de orçamento.

Com isso, todas as tarefas pendentes voltaram para a fila comum de análise, sobrecarregando ainda mais o sistema. “A suspensão desse incentivo teve um impacto imediato. Sem ele, a tendência é que a fila volte a crescer rapidamente”, explica o advogado previdenciário Kleber Coelho.

Segundo ele, a ampliação do canal digital Meu INSS para solicitações de ressarcimento de cobranças indevidas também pode ter contribuído para o aumento da demanda. “O sistema passou a receber mais pedidos espontâneos, o que sobrecarrega a análise de concessões e revisões”, disse.

Para muitos segurados, a espera prolongada se transformou em desespero. Há casos de cidadãos que aguardam mais de um ano por aposentadorias ou auxílios. A advogada Yasmim Dantas destaca que “a demora tem comprometido o sustento das famílias, que dependem desses benefícios para sobreviver”.

Ela lembra que, caso o prazo legal de análise seja ultrapassado, o segurado pode recorrer à Justiça. “O Judiciário tem reconhecido o excesso de demora e garantido não apenas a concessão do benefício, mas também o pagamento retroativo desde o primeiro pedido”, reforça.

Enquanto o governo federal tenta recompor o orçamento para reativar o programa de produtividade, milhares de sul-mato-grossenses seguem à espera de uma resposta — e de um alívio financeiro que, para muitos, já chega com atraso demais.