O principal produto de exportação do Mato Grosso do Sul pode encontrar barreiras no mercado europeu já nos próximos meses.
Essa preocupação levou uma comitiva formada por membros do governo sul-mato-grossense e acompanhada pelo presidente da Reflore (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas), Luiz Calvo Ramires Jr, a irem até Bruxelas no início deste mês para uma série de reuniões no Parlamento Europeu.
Na Bélgica, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul (Semadesc) Jaime Verruck, apresentou - em detalhes - o contexto de produção de celulose no Estado que, há muito tempo, cumpre as normas que os europeus vão adotar a partir de janeiro para as importações de determinadas commodities agrícolas, entre elas, os de base florestal.
As regras foram impostas a partir do “European Green Deal”, o Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR). Duas exigências específicas, no entanto, representam risco de ruptura no fluxo comercial com a região que é, hoje, o segundo principal destino das exportações brasileiras de produtos de madeira, lideradas pela celulose.
Os dois pontos chaves, segundo o presidente da Reflore, Ramires Jr, são a rastreabilidade e a transferência de dados, requisitos que ainda não estão perfeitamente regulamentados e que, na verdade, são inviáveis considerando o processo de produção da celulose.
"Pela norma, teríamos que garantir que determinada árvore colhida fosse vinculada à um determinado fardo de celulose, um rastreamento impossível de ser feito por questões industriais mesmo", explicou Júnior.
Outra questão é a exigência de informações em uma plataforma tecnológica que ainda não comporta esse tipo de operação.
Diante deste contexto, Verruck enfatizou a necessidade de um sistema de implementação da lei que não gere impactos nem custos adicionais para o setor de floresta e a indústria de base florestal brasileira.
No ranking de importadores da celulose sul-mato-grossense, a China se mantém isolada na primeira colocação com 38,66% de participação no primeiro bimestre desse ano.
Em segundo aparecem os Estados Unidos (7,36%), seguidos da Holanda (5,41%), Indonésia (4,52%), Emirados Árabes (3,18%), Índia(2,92%), Itália (2,83%), Coreia do Sul (2,49%), Japão (2,33%) e Uruguai (2,06%), que completam a lista dos 10 principais parceiros comerciais do Estado.
Com exceção da Coreia do Sul e Japão, todos os demais ampliaram os valores das compras de produtos do Estado nesse ano, em relação ao primeiro bimestre do ano passado.