Para evitar o desperdício de imunizantes e ampliar a proteção contra a dengue, o Ministério da Saúde autorizou a aplicação de vacinas próximas ao vencimento em pessoas fora da faixa etária inicialmente estipulada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, as doses poderão ser redistribuídas para municípios que ainda não receberam a vacina.
A medida foi oficializada em uma nota técnica publicada nesta sexta-feira (14) e orienta todos os estados e o Distrito Federal. O objetivo é garantir que os imunizantes adquiridos sejam aproveitados da melhor forma, ampliando a cobertura vacinal contra a doença.
Com a nova diretriz, as vacinas com validade de até dois meses poderão ser transferidas para cidades ainda não contempladas ou administradas em um público ampliado, incluindo crianças e adolescentes de 6 a 16 anos. Já as doses que atingirem um mês antes do vencimento poderão ser aplicadas em um público ainda maior, seguindo o limite etário da bula, que permite a vacinação de pessoas entre 4 e 59 anos.
Atualmente, o imunizante contra a dengue distribuído pelo SUS é destinado a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, que vivem em municípios selecionados conforme critérios epidemiológicos. No entanto, a expansão temporária do público-alvo dependerá da quantidade de doses disponíveis e da situação de cada estado e município, que deverão comunicar a decisão ao Ministério da Saúde.
A vacinação contra a dengue exige a aplicação de duas doses para garantir a proteção completa. No entanto, o Ministério da Saúde alerta para a baixa adesão ao esquema vacinal. Em 2024, foram distribuídas 6,5 milhões de doses da vacina, mas apenas 3,8 milhões foram aplicadas. Entre os adolescentes, a situação é ainda mais preocupante: cerca de 1,3 milhão de jovens que tomaram a primeira dose ainda não retornaram para a segunda.
Diante desse cenário, a recomendação é que estados e municípios intensifiquem estratégias de busca ativa para identificar e mobilizar aqueles que ainda não completaram a imunização.
O Brasil foi o primeiro país do mundo a disponibilizar a vacina contra a dengue no sistema público universal. A campanha teve início em fevereiro de 2024, abrangendo 315 municípios e, desde então, foi ampliada para 1.921 cidades.
A incorporação da vacina ao SUS foi definida a partir do cenário epidemiológico da dengue e aprovada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), garantindo prioridade a localidades com maior incidência da doença.
Com a nova estratégia de redistribuição e ampliação do público-alvo, o governo espera reduzir perdas de vacinas e reforçar a proteção da população contra a dengue, especialmente em um momento de preocupação com a disseminação do vírus.