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J&F faz acordo bilionário com grupo asiático e deve anunciar segunda fábrica da Eldorado Brasil

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
15/5/2025
às
8:10

Depois de quase oito anos de uma das disputas societárias mais intensas do setor industrial brasileiro, a J&F Investimentos, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, chegou a um acordo para comprar a parte da Paper Excellence na Eldorado Brasil Celulose.

O acerto representa o desfecho de uma briga iniciada em 2017 e pode destravar um investimento bilionário para a segunda linha da fábrica de celulose, instalada em Três Lagoas.

A negociação, que está prestes a ser formalizada, envolve o pagamento de US$ 2,7 bilhões pela participação do grupo sino-indonésio controlado por Jackson Wijaya. A expectativa é de que a transação seja concluída ainda nesta semana, colocando fim a anos de litígios, liminares, arbitragens internacionais e disputas regulatórias.

O conflito entre os sócios teve início após o anúncio da venda total da Eldorado em 2017, avaliada em R$ 15 bilhões. Na ocasião, a Paper Excellence adquiriu 49,41% da empresa e se comprometeu a concluir a compra do restante das ações. No entanto, o negócio emperrou quando o grupo asiático não apresentou as garantias previstas no contrato, alegando entraves financeiros e regulatórios.

A incerteza sobre o controle da empresa bloqueou a expansão da fábrica em Três Lagoas, onde a Eldorado previa um novo ciclo de investimentos na ordem de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 26 bilhões) para a construção de uma segunda linha de produção de celulose. Com a saída da Paper Excellence, esse plano volta a ganhar fôlego.

Um dos pontos que aceleraram a retomada das negociações foi a decisão da Justiça Federal em Três Lagoas, respaldada pelo TRF-4, que suspendeu a possibilidade de aquisição de imóveis rurais por empresas estrangeiras — exigindo autorização do Incra e do Congresso Nacional. A medida praticamente inviabilizou a continuidade da Paper como sócia majoritária na Eldorado.

Com isso, os advogados das duas partes fecharam os termos do acordo, em que a J&F assumirá novamente o controle integral da companhia. A oficialização do negócio deve marcar o fim de um impasse que envolveu não apenas questões comerciais, mas também temas como soberania fundiária e legalidade de capital estrangeiro em setores estratégicos.

Linha do tempo de um impasse histórico

A trajetória do embate entre J&F e Paper Excellence é marcada por reviravoltas, acusações mútuas e decisões controversas:

  • 2017: J&F anuncia a venda da Eldorado por R$ 15 bilhões. Paper compra 49,41% da empresa.
  • 2018–2021: Série de liminares, arbitragens e tentativas frustradas de concluir a operação.
  • 2022–2024: Decisões judiciais barram transferência de terras à Paper; negociações esfriam.
  • 2025: Paper inicia novo processo arbitral, pedindo US$ 3 bilhões. Em maio, as partes finalmente anunciam um acordo de recompra.

Futuro

Com o fim da disputa, a Eldorado deve agora acelerar a retomada de investimentos em Três Lagoas, cidade que se consolida como o principal polo de celulose do mundo.

A expansão da fábrica não só deve ampliar a capacidade produtiva, como também gerar milhares de empregos diretos e indiretos na região.

O acordo encerra uma das maiores e mais emblemáticas disputas do setor de papel e celulose no Brasil — e abre espaço para novos ciclos de desenvolvimento econômico no Estado.