Duas rodovias federais que cruzam Mato Grosso do Sul — a BR-262 e a BR-163 — lideram o ranking de acidentes no estado em 2025. Levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta que, das 658 ocorrências registradas entre janeiro e junho, 438 aconteceram nessas duas vias, o que representa cerca de 66% do total.
A BR-163, considerada uma das mais perigosas do país, encabeça a lista com 312 acidentes. Já a BR-262, que corta regiões de grande fluxo como o Pantanal, contabilizou 126 registros. As estatísticas reforçam a preocupação com a segurança nas estradas federais de MS, que somam mais de 4 mil quilômetros.
No ano passado, a violência no trânsito deixou 182 mortos e 1.940 feridos nas rodovias federais que cortam o estado — uma média de uma morte a cada dois dias. Os veículos de passeio foram os que mais se envolveram em acidentes fatais, seguidos por caminhões, motocicletas e ônibus.
Tragédia no Pantanal
O mais recente episódio trágico aconteceu na tarde do último sábado (28), na BR-262, entre Aquidauana e Miranda. Uma colisão envolvendo dois carros e uma carreta que transportava carvão vegetal deixou ao menos duas pessoas mortas, carbonizadas, após os veículos pegarem fogo. As vítimas ainda não haviam sido identificadas até o início da noite.
As circunstâncias apontam para uma possível ultrapassagem indevida em trecho de faixa contínua. A força do impacto e o material inflamável transportado pela carreta agravaram as chamas, tornando o resgate ainda mais difícil. A rodovia ficou completamente interditada nos dois sentidos, gerando filas e mobilizando equipes da PRF, Bombeiros e perícia.
Panorama nas rodovias federais de MS em 2025 (jan-jun)
- BR-163: 312 acidentes
- BR-262: 126
- BR-060: 57
- BR-267: 54
- BR-158: 44
- BR-463: 29
- BR-376: 24
- BR-419: 4
- BR-487: 3
- BR-359: 3
- BR-436: 2
Alerta crescente
A PRF também registrou aumento expressivo na gravidade dos acidentes. Em 2024, foram 1.803 ocorrências no total. Dessas, 1.393 vítimas sofreram ferimentos leves e 547 ficaram gravemente feridas. O número de mortes segue alto, e as colisões mais fatais ocorrem, majoritariamente, com veículos de passeio.
Caso emblemático
No dia 15 de junho, outro acidente grave na BR-262, nas proximidades do Buraco das Piranhas, vitimou a médica Andrezza Felski, de 27 anos, e o idoso Marcelino Florentino Filho, de 84. A colisão lateral entre uma carreta carregada de minério e um ônibus da viação Andorinha resultou na penetração de uma barra de ferro no interior do ônibus, atingindo passageiros. Uma criança de seis anos ficou ferida e permanece internada na Santa Casa de Campo Grande.
A repetição de tragédias em rodovias estratégicas do estado reacende o debate sobre investimentos em infraestrutura, sinalização, fiscalização e campanhas de conscientização para reduzir os índices de violência no trânsito.