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MS amplia diálogo com União e povos indígenas para tentar reduzir conflitos agrários no campo

Foto: reprodução/Cimi
Rogério Potinatti
3/11/2025
às
7:50

Após um ano marcado por tensões fundiárias em várias regiões do Estado, o Governo de Mato Grosso do Sul deu um novo passo na busca por soluções sustentáveis aos conflitos no campo.

Representantes estaduais receberam, na última semana, integrantes da Comissão Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo (CNEVC), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, para uma reunião que simbolizou o recomeço de uma agenda de cooperação entre Estado, União e comunidades indígenas.

O encontro, realizado em Campo Grande, teve como foco o agravamento dos conflitos entre indígenas e produtores rurais e consolidou o compromisso das instituições envolvidas com o diálogo permanente, a mediação qualificada e o respeito aos direitos humanos.

reprodução/Governo de MS

O vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, destacou que o governo estadual vem atuando de forma integrada com o Governo Federal para conter os conflitos e buscar medidas estruturantes.

“Estamos diante de uma questão histórica e complexa, que ultrapassa fronteiras locais. A pacificação no campo é responsabilidade de todos. Em Mato Grosso do Sul, estamos construindo um caminho de entendimento, como a criação de uma zona de amortecimento de 250 metros de pasto entre lavouras e aldeias. Mas a verdadeira solução só virá do diálogo e da corresponsabilidade entre todos os entes”, afirmou.

Barbosinha também ressaltou que, apesar das divergências políticas, a relação institucional entre os governos estadual e federal permanece sólida e respeitosa, permitindo avanços concretos.

“Se existe uma dívida histórica com os povos originários, ela deve ser resolvida com equilíbrio, diálogo e justiça — sem alimentar novos confrontos. Acreditamos que segurança e desenvolvimento só caminham juntos quando há entendimento”, completou.

O diretor do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários, Leador Machado, explicou que a visita da comissão teve caráter técnico e colaborativo. Segundo ele, o objetivo é prevenir a escalada de novos confrontos e articular soluções conjuntas entre o Governo Federal, o Estado, os produtores e as comunidades indígenas.

“Avançamos na criação da zona de amortecimento, com apoio da bancada federal e do governo estadual. O próximo passo é destravar as soluções fundiárias de forma definitiva, com o envolvimento do STF e dos ministérios responsáveis”, afirmou.
reprodução/Cimi

Como medida emergencial, foi acordado que a Força Nacional de Segurança Pública assumirá temporariamente o policiamento ostensivo nas áreas mais sensíveis, substituindo a Polícia Militar. Os casos de flagrante serão conduzidos pela Polícia Federal, conforme decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), que assegurou segurança jurídica à operação.

O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, explicou que a medida busca preservar vidas e manter a ordem pública.

“A decisão judicial é clara: a Força Nacional assume a segurança ostensiva, enquanto as forças estaduais permanecem em suas competências. Cada instituição cumpre um papel estratégico dentro da legalidade”, destacou.

A secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, reforçou que a pacificação só será possível com escuta ativa e presença constante do Estado junto às comunidades indígenas.

“É preciso reconstruir a confiança, garantir respeito e promover inclusão. O diálogo é o caminho para que as políticas públicas reflitam a diversidade que compõe a identidade de Mato Grosso do Sul”, afirmou.

Ao final da reunião, ficou definido que uma nova visita será realizada a Caarapó nos próximos dias, ampliando o diálogo direto entre autoridades e comunidades locais.

O Governo do Estado reafirmou seu compromisso de manter um canal permanente de diálogo com indígenas, produtores rurais e o Governo Federal, defendendo que a paz no campo é condição essencial para o desenvolvimento econômico e social de Mato Grosso do Sul.

“Seguiremos construindo pontes, e não muros. O futuro do nosso Estado depende do equilíbrio entre justiça, segurança e dignidade para todos”, concluiu Barbosinha.