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MS prepara maior operação fiscal da história no setor de combustíveis ligado ao PCC

Foto: cedida
Rogério Potinatti
17/9/2025
às
9:00

A descoberta de um polo empresarial ligado ao PCC na Rodovia da Balsinha, em Iguatemi, a 425 km de Campo Grande, desencadeou uma reação imediata das autoridades de Mato Grosso do Sul.

Após a deflagração da Operação Carbono Oculto pela Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público de São Paulo, o governo estadual decidiu adotar medidas mais rígidas para conter fraudes e sonegação no setor de combustíveis.

A Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) prepara uma operação sem precedentes para revisar todas as empresas que se instalaram nos últimos anos, com foco no recadastramento das distribuidoras autorizadas pela ANP e na auditoria de notas fiscais emitidas.

O objetivo é impedir que companhias de fachada continuem atuando como instrumentos de lavagem de dinheiro e evasão de impostos. Estima-se que as perdas aos cofres públicos variem entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões.

No centro das investigações está o empresário Mohamed Hussein Mourad, apontado como articulador de um esquema de fachada que incluía oito distribuidoras de combustíveis registradas em Iguatemi entre 2020 e 2025. Essas empresas, controladas por familiares, operavam sem a devida fiscalização e movimentavam cifras incompatíveis com sua estrutura física.

Além da Sefaz, o Imasul informou que fará fiscalizações presenciais para verificar a regularidade ambiental das companhias. O órgão reconheceu que não há registros de licenças emitidas em nome das empresas ligadas ao grupo investigado, o que reforça os indícios de irregularidade.

A situação expõe não apenas a atuação criminosa, mas também a fragilidade do sistema de controle local.

O município emitiu alvarás sem rigor e o Estado, apesar de ter investido milhões em infraestrutura para a pavimentação da MS-290, não acompanhou a movimentação do setor. Essa combinação de permissividade e omissão favoreceu a criação de um polo logístico utilizado pelo crime organizado.

As autoridades estaduais destacam que a prioridade agora é corrigir as falhas e reforçar a fiscalização para evitar novos episódios. A expectativa é que os processos administrativos de cancelamento das inscrições estaduais das distribuidoras envolvidas sejam instaurados nos próximos meses, garantindo isonomia tributária e segurança jurídica no setor.

Enquanto isso, as investigações federais continuam rastreando os desdobramentos financeiros do esquema, que teria movimentado cerca de R$ 52 bilhões, incluindo ramificações na Avenida Faria Lima, em São Paulo, e conexões internacionais com o tráfico de drogas na fronteira com Bolívia e Paraguai.

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