Após a divulgação de retratação do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, sobre o anúncio de que não compraria mais carnes do Mercosul, o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, avaliou que o documento poderia ser mais taxativo.
“Foi uma carta de retratação muito tímida. Ela deveria ser mais incisiva na defesa do produtor brasileiro, diante de todos os absurdos que ele havia dito antes, colocando em xeque a qualidade da produção agropecuária brasileira. Não há um país no mundo que tenha uma agricultura tão tecnificada quanto a nossa, principalmente com pelo plantio direto. Nós temos duas safras na mesma área. Somos, de longe, muito mais sustentáveis do que qualquer outro país desenvolvido. Não dá para, cegamente, dizer o contrário. No Brasil, não há um grão produzido sem que tenha o produtor preservando de 20 a 80% de reserva legal”, avaliou Bertoni.
Em 2023, Mato Grosso do Sul exportou U$ 118 milhões de carne produzidas no estado para a União Europeia, sendo U$ 81 mil para a França. O maior parceiro comercial, no entanto, foi a China (U$322 milhões), seguida dos Estados Unidos (U$153 milhões).
O pedido de desculpas não foram o suficiente para retratar os prejuízos causados à imagem pecuária brasileira oriundos da desinformação do CEO francês. Nesta terça-feira (26), Marcelo Bertoni participou da reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que contou com a participação do presidente da Câmara, Arthur Lira. Na ocasião, Lira defendeu a aprovação do projeto que trata da reciprocidade de medidas de proteção ambiental em relações comerciais entre os países, fazendo com que os fornecedores e compradores cumpram exigência para produzir. O texto deve entrar em votação em regime de urgência.
“Estamos dando uma reposta para comunidade europeia do que eles estão pedindo para nós”, defende Bertoni.
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) também se manifestou informando que entrou com ação judicial contra o Carrefour em função da difamação da carne brasileira.
“Nós nos vimos obrigados a buscar o nosso escritório de advocacia em Bruxelas, para entrar com ações devidas e buscar o esclarecimento da verdade”, afirma o presidente da CNA, João Martins.
“A CNA vai formalizar a reclamação junto aos órgãos da União Europeia para fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado específico”, explicou o consultor jurídico da CNA, Carlos Bastide.