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“O turismo aqui pode superar até a celulose”: Mário Celso Lopes desafia Três Lagoas a olhar para o próprio potencial

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
27/11/2025
às
8:00

A Costa Leste de Mato Grosso do Sul está diante de uma chance histórica — e não é exagero. Com centenas de quilômetros banhados pelos rios Sucuriú e Paraná, potencial imenso para o turismo de natureza, aventura e lazer, e ainda vivendo o auge do turismo de negócios graças ao título de capital mundial da celulose, Três Lagoas caminha para se tornar um dos maiores vetores turísticos do Centro-Oeste.

Mas, segundo o empresário e prefeito de Andradina, Mário Celso Lopes, esse futuro está demorando demais para acontecer.

Mário Celso Lopes discursa para uma plateia atenta, formada por empresários em Três Lagoas | foto: Rogério Potinatti

Fenômeno do empreendedorismo regional, dono do parque aquático Acqualinda — que ele promete transformar no maior do Brasil —, de hotéis, resorts, shopping e uma lista de empreendimentos que fariam inveja a muitos investidores, Mário Celso esteve em Três Lagoas nesta terça-feira (25).

E ele não economizou munição.

Diante de empresários, representantes do poder público e instituições do trade, soltou uma sequência de provocações, dados e insights que, se bem absorvidos, podem mudar completamente a forma como Três Lagoas olha para seu potencial turístico.

“O turismo é a maior indústria do planeta. É imbatível financeiramente.”

A frase dita com a convicção de quem estuda profundamente os setores em que investe foi só o começo. Para Mário Celso, a região leste de MS e o oeste paulista possuem um tesouro natural que ainda não foi explorado à altura: suas águas doces, seus rios, suas paisagens e sua capacidade de acolher visitantes.

reprodução | prefeitura de Andradina, SP

Andradina dobrou a população e o orçamento — e o turismo foi o motor

Desde que assumiu a prefeitura em 2024, Andradina saiu de 57 mil para 65 mil habitantes, crescimento incomum para cidades do interior.

“Isso é reflexo direto do turismo”, afirmou.

Ele faz questão de comparar:

  • JBS, Raízen e Citroplast, juntas, geram enorme volume de exportações — meio bilhão de dólares por ano —
    mas menos de 2% desse dinheiro permanece na cidade.
  • O turismo faz o oposto: 98% das riquezas ficam no território (hotéis, restaurantes, lojas, serviços),
    e só 2% saem para comissões e repasses externos.

Resultado: o orçamento municipal saltou de R$ 180 para R$ 360 milhões. “E isso sem mágica, sem milagre. Só com organização e visão”, provocou.

Thermas Acqualinda em Andradina | reprodução

E mais: o parque Acqualinda ainda está pequeno diante do potencial regional

O empreendimento deve fechar 2025 com cerca de 500 mil visitantes.Mas ele considera esse número baixo. “Olímpia vai bater 3 milhões em 2025. Quero essa meta.”

A comparação não é gratuita: Olímpia saiu do anonimato para se tornar um dos maiores destinos turísticos do país — e hoje soma 34 mil leitos.

Andradina tinha pouco mais de 600 leitos antes do Acqualinda. Agora já passa dos 2 mil — graças ao turismo.

Margem do rio Sucuriú em Três Lagoas, MS | reprodução

O que isso tem a ver com Três Lagoas? Tudo!

Segundo Mário Celso, entre 50% e 60% dos visitantes do Acqualinda são de Mato Grosso do Sul. Ou seja: O sul-mato-grossense está em busca de lazer fora do próprio Estado.

“Isso prova o potencial absurdo que vocês têm. O povo quer consumir turismo. Basta oferecer.”

Turismo poderoso exige três pilares

Ele defende que qualquer destino forte precisa trabalhar três eixos:

1. Inovação

Produtos diferenciados, criativos, conectados às novas tendências.

2. Tematização

Experiências que contam histórias, criam identidade e encantam o visitante.

3. Hospitalidade

Atendimento, acolhimento, preparo das equipes e profissionalização das estruturas.

E, segundo ele, é exatamente esse último ponto — hospitalidade — que mais exige atenção na Costa Leste.

Por isso, afirmou que pretende estimular o Sebrae a criar programas de formação e cursos voltados ao setor. E ele sugeriu que Três Lagoas faça o mesmo.

Mata Cascalheira em Três Lagoas | cedida

Um destino precisa ter “sete dias de motivos” para o turista ficar

Usando um exemplo simples, Mário Celso desenhou um futuro possível para o turismo na Costa Leste:

  1. O visitante passa um dia no Acqualinda.
  2. No dia seguinte, cruza a ponte e chega a Três Lagoas.
  3. Vai ao shopping, faz um passeio de lancha, se encanta pelas margens dos rios.
  4. Se hospeda na cidade.
  5. Permanece três ou quatro dias explorando atrativos culturais, gastronômicos, de lazer e de natureza.

Mas ele reforça: “A cidade precisa oferecer isso.”

Fachada do Shopping Três Lagoas | reprodução

Multi-propriedade é o futuro — e ela vai chegar aqui

Mário Celso disse que está prestes a investir no modelo de multi-propriedade, tendência que transformou destinos como Gramado e Olímpia.

“É sustentável, atrai investidores, garante fluxo turístico e movimenta toda a economia”, explicou.

E ele acredita que a Costa Leste tem tudo para embarcar nessa onda.

O que fica do encontro? Um recado direto para Três Lagoas: não dá mais para esperar

Mário Celso não veio apenas inspirar. Veio chacoalhar.

Ele mostrou que:

  • A região tem rios extraordinários, já procurados por turistas.
  • Vive um boom de turismo de negócios por causa da celulose.
  • Possui localização estratégica, superestrutura hoteleira e boa malha urbana.
  • Tem população empreendedora, organizada e preparada para crescer.
Lagoa Maior em Três Lagoas, MS | reprodução

O que falta?

Visão. Estratégia. Planejamento integrado.

A Costa Leste pode — e deve — virar um dos destinos mais relevantes do interior brasileiro.

Mário Celso garante que essa virada já começou. E ele busca parcerias estratégicas para esse futuro em conjunto.