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Petrobras deve gastar mais de R$ 252 milhões com a UFN-3 em 2025, mesmo sem fábrica iniciar operação

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
1/10/2024
às
9:25

A Petrobras planeja investir R$ 252,3 milhões em 2025 para iniciar o processo para a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas.

Esse valor corresponde a 6,82% dos R$ 3,7 bilhões necessários para colocar a unidade em pleno funcionamento, conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, apresentada pelo governo federal ao Congresso.

O montante está condicionado à aprovação do conselho da Petrobras, prevista para o primeiro trimestre de 2025, como destacou William França, diretor-executivo de Processos Industriais e Produtos da estatal.

Durante o Congresso ROG.e, realizado no Rio de Janeiro, ele afirmou que a Petrobras está finalizando estudos para concluir a complementação mecânica da UFN3.

França explicou que uma equipe especializada está realizando inspeções detalhadas em equipamentos críticos, como bombas e reatores, para avaliar o que ainda precisa ser feito e quanto será necessário investir.

"Estamos revisando as condições da fábrica e contratando empresas para essa análise, tanto em Três Lagoas quanto em Araucária, no Paraná", disse.

Ainda sem parceiro definido, a Petrobras avalia possibilidades de cooperação, mas aguarda o término dos processos de valuation e dos estudos de viabilidade econômica para tomar decisões.

Retomada depende de aprovação

A expectativa inicial era que os estudos de viabilidade e licitações começassem ainda este ano, com a UFN3 entrando em operação em 2028. No entanto, o uso dos R$ 252,3 milhões previstos no orçamento depende da aprovação do projeto pelo conselho da Petrobras.

A LOA especifica que o valor será destinado à implantação da unidade, que terá capacidade para produzir 1.223 mil toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia por ano, em Mato Grosso do Sul. No total, o investimento previsto é de R$ 3,699 bilhões, e o Ministério de Minas e Energia será o responsável por supervisionar o projeto.

Tentativas frustradas

A UFN3, cuja construção foi iniciada em 2011 e interrompida em 2014 com 81% das obras concluídas, faz parte do plano estratégico da Petrobras, que inclui um investimento de US$ 102 bilhões até 2028. O objetivo é fortalecer a produção de fertilizantes, aproveitando o gás natural boliviano.

A obra foi paralisada após escândalos de corrupção envolvendo empresas do consórcio responsável formado por Sinopec Petroleum e Odebrecht. Em 2018, a Petrobras iniciou um processo de venda da unidade, que incluía a fábrica de Araucária (Ansa), no Paraná. No entanto, a venda conjunta enfrentou dificuldades.

Em 2019, a russa Acron chegou a negociar a compra da UFN3, mas a crise política na Bolívia impediu a conclusão do negócio. Após novas tentativas de venda, a Petrobras encerrou o processo em janeiro de 2023, voltando seus esforços para a retomada das obras.