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Policial militar atira em criança de 12 anos durante abordagem em MS e justifica que "garoto agiu de forma ameaçadora"

Foto: reprodução/redes sociais
Rogério Potinatti
6/4/2024
às
8:00

A mãe do menino de 12 anos que foi atingido por um tiro disparado por um policial militar em Nova Andradina, MS, está vivendo momentos de angústia e medo. O incidente ocorreu no dia 1º de abril e deixou a família em estado de choque. Os médicos informaram aos pais que o garoto corre o risco de perder os movimentos do tornozelo, devido ao ferimento.

Por questões de proteção à identidade da vítima, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), não divulgaremos os nomes da mãe e do adolescente. No entanto, a idade do menino é um aspecto crucial que influencia a percepção do incidente até mesmo entre os colegas do policial envolvido.

Um policial com experiência em policiamento escolar que trabalha em Campo Grande, capital do estado, analisou o caso, destacando a diferença entre lidar com um adolescente de 17 anos, potencialmente perigoso, e um menino de 12 anos. Ele considera o disparo no pé do menino como um sinal de grave descontrole emocional ou de um erro operacional significativo.

O caso

De acordo com a mãe do garoto, ela e o marido foram informados do ocorrido pelo avô da criança quando já estavam se preparando para dormir. Desesperados, correram para o hospital de Nova Andradina, ao receberem a notícia. Ao chegarem lá, foram inicialmente informados por um dos policiais envolvidos na abordagem que o menino havia sido atingido por uma bala de borracha, o que se mostrou uma mentira. O projétil foi disparado por uma arma de fogo da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, e os registros policiais não detalham sequer o tipo de arma utilizada.

Além disso, a mãe relata que os policiais se recusaram a fornecer informações detalhadas sobre o incidente, e foi o médico da unidade de saúde quem confirmou que o ferimento foi causado por um tiro de arma de fogo. Os médicos alertaram que o menino pode enfrentar consequências graves, inclusive a perda de movimentos no tornozelo.

Momentos de terror

Segundo o relato da mãe, o filho contou que estava com amigos andando de bicicleta quando uma viatura da PM os abordou, acusando-os de comportamento suspeito.

Os policiais teriam chamado o grupo de 'vagabundos' e ordenado que se afastassem. Na versão da polícia, os garotos estavam em atitude suspeita, sem que isso fosse claramente definido.

Mesmo sem evidências claras, os policiais justificaram o disparo contra o menino alegando que ele teria agido de forma ameaçadora ao, supostamente, colocar a mão na cintura. Esta justificativa é comumente usada para explicar disparos durante abordagens, alegando que o suspeito poderia estar sacando uma arma.

A mãe do adolescente questiona a necessidade do disparo e por que não levaram o filho para a delegacia ou para casa ao invés de atirar. Ela enfatiza a necessidade de acompanhamento psicológico para o filho, que ficou traumatizado com o incidente e lamenta a óbvia falta de preparo dos policiais envolvidos.

A família procurou o Ministério Público em busca de medidas adequadas, e o policial responsável pelo disparo foi afastado das atividades de rua, sendo designado para serviços administrativos.

O incidente é investigado pela Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. Um Inquérito Policial Militar foi instaurado para apurar a conduta do policial.