O setor de celulose em Mato Grosso do Sul está se posicionando como uma potência na geração de bioeletricidade. A capacidade estimada para os próximos anos pode superar em 3,8 vezes a geração da Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias (Jupiá), conforme apresentado por Jozebio Gomes, gerente de Competitividade e Facilities da Eldorado Brasil Celulose, durante o Fórum de Bioenergia, realizado na última semana em Campo Grande.
A estimativa considera o potencial das quatro fábricas de celulose atualmente em operação no estado (três da Suzano e uma da Eldorado) e de novos projetos em desenvolvimento, incluindo a expansão da Eldorado, além das plantas da Bracell e da Arauco. Esses empreendimentos devem produzir cerca de 16 milhões de toneladas de celulose por ano, com uma relação de 0,9 megawatts gerados por tonelada fabricada.
Gomes destacou que, desse total de energia gerada, as indústrias devem consumir aproximadamente 11 milhões de megawatts, deixando cerca de 3 milhões de megawatts disponíveis para exportação. No entanto, ele acredita que o setor pode ir além desse número, utilizando biomassa residual, como tocos de eucalipto, galhos e folhas, para ampliar a produção de energia.
Biomassa: o diferencial sustentável
O exemplo prático vem da usina termelétrica Onça Pintada, da Eldorado, que transforma resíduos florestais em energia. Segundo Gomes, a biomassa gerada pela reforma de 70% das plantações de eucalipto a cada sete anos pode alcançar 5 milhões de toneladas anuais, com potencial para produzir 5 milhões de megawatts adicionais. Somando-se a bioeletricidade gerada pela produção de celulose, o setor poderia alcançar 8 milhões de megawatts anuais, o suficiente para abastecer 3,5 milhões de pessoas.
“Estamos diante de uma oportunidade única de ampliar a participação do setor de celulose na matriz energética do estado e do país, contribuindo para a transição energética com uma fonte sustentável e renovável de energia”, afirmou.
Mato Grosso do Sul: referência em energia renovável
O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, ressaltou que Mato Grosso do Sul já tem 94% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis, como hidráulica, biomassa e solar. Porém, ele pontua que a continuidade e a ampliação desse modelo dependem de investimentos em infraestrutura e certificação de projetos.
“Estamos prontos para aproveitar o crescimento da bioenergia, seja por meio do avanço do biometano, do etanol de segunda geração ou da produção agrícola sustentável. Esse é o caminho para consolidar o estado como líder em energia limpa”, destacou Verruck.
O Fórum de Bioenergia, promovido pelo LIDE MS e Biosul, com apoio da Fiems e Reflore-MS, reuniu especialistas e empresários para discutir as oportunidades de expansão da bioenergia. O evento reforçou a importância da integração entre indústria, governo e iniciativas privadas para o desenvolvimento sustentável do estado.
Essa união de forças pode transformar Mato Grosso do Sul em um exemplo global de produção de energia limpa, mostrando como a inovação e a sustentabilidade podem caminhar juntas.