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Três Lagoas e outras cidades de MS podem ter aeroportos administrados pela iniciativa privada

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
3/11/2025
às
8:00

Com os cofres públicos pressionados e a necessidade de ampliar a infraestrutura logística, o Governo de Mato Grosso do Sul prepara uma nova estratégia para modernizar os aeroportos regionais do Estado. A proposta é atrair a iniciativa privada para administrar e investir em nove terminais, por meio de modelos de concessão e Parcerias Público-Privadas (PPPs), com expectativa de movimentar mais de R$ 150 milhões em investimentos.

A medida faz parte de um estudo de pré-viabilidade conduzido pelo Escritório de Parcerias Estratégicas (EPE), em parceria com a Infra S.A., empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes. O objetivo é fomentar a aviação regional sem onerar os cofres estaduais e municipais, criando uma rede de terminais integrados que fortaleça o turismo, o agronegócio e a indústria em diferentes regiões do Estado.

reprodução/Campo Grande News

O levantamento, apresentado à B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) em outubro, avaliou 20 aeroportos regionais, mas apenas nove apresentaram viabilidade econômica imediata: Campo Grande (Estância Santa Maria), Bonito, Três Lagoas, Chapadão do Sul, Dourados, Coxim, Porto Murtinho, Naviraí e Nova Andradina.

Segundo os técnicos responsáveis, esses terminais possuem maior potencial de movimentação de passageiros e carga, além de localizações estratégicas para o desenvolvimento econômico.

“Os estudos mostram que esses aeroportos têm potencial para operar em bloco, conectando as regiões mais produtivas do Estado e ampliando a malha aérea de Mato Grosso do Sul”, explicou um dos representantes da Infra S.A. envolvido no projeto.

Modelo

A proposta de concessão segue o modelo tradicional de parceria público-privada, em que o Estado mantém a titularidade dos aeroportos, mas transfere a gestão e os investimentos à iniciativa privada por períodos entre 20 e 30 anos. A empresa ou consórcio vencedor fica responsável por obras, modernização, operação e manutenção, pagando contrapartidas ao governo e garantindo a prestação dos serviços.

O investimento estimado inclui melhorias nos terminais de passageiros, ampliação de pistas, construção de áreas técnicas de combate a incêndios e adequações às normas da ANAC, o que deve elevar o padrão de segurança e eficiência operacional.

O EPE informou que o projeto ainda está em análise interna para inclusão na carteira de parcerias do Programa Estadual de Parcerias do Mato Grosso do Sul (PROP/MS). Caso aprovado, o próximo passo será a elaboração do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), etapa necessária para o lançamento do edital de leilão.

Segundo o órgão, a sondagem realizada junto a investidores nacionais demonstrou forte interesse de quatro grupos privados com experiência em gestão aeroportuária. Esses grupos já operam terminais em outros estados e enxergam Mato Grosso do Sul como um polo promissor, impulsionado pelo crescimento do PIB estadual, que deve superar a média nacional em 2025, e pela expansão das cadeias do agronegócio e da celulose.

Atualmente, a maioria dos aeroportos regionais do Estado é usada apenas por aviões particulares e agrícolas. Somente os terminais de Bonito e Dourados contam com voos comerciais regulares. Com o novo modelo, o governo espera criar uma malha aérea integrada, no formato hub and spoke (centro e conexões), em que Campo Grande funcionaria como ponto central para distribuição de voos regionais e nacionais.

Além de atrair investimentos privados, a iniciativa complementa o Plano Logístico Aeroviário, em andamento desde 2023, que já aplicou R$ 143 milhões em obras de modernização e pavimentação de pistas, construção de terminais e sinalização noturna em cidades estratégicas.

A expectativa é que o projeto impulsione o desenvolvimento regional, aumente a conectividade aérea e transforme Mato Grosso do Sul em referência em logística multimodal, conectando o agronegócio, a indústria e o turismo em um mesmo eixo de crescimento sustentável.