Mato Grosso do Sul vive uma fase de transformação sem precedentes no setor florestal, impulsionado pelo protagonismo das indústrias de base florestal instaladas em Três Lagoas.
Em dez anos, a área de florestas plantadas cresceu mais de 500%, passando de 300 mil hectares para 1,75 milhão em 2025. Esse salto consolidou o Estado como o Vale da Celulose, com projeções de mais de R$ 70 bilhões em investimentos até 2028.
O potencial do setor foi evidenciado no 7º Congresso Florestal de Mato Grosso do Sul, realizado em Três Lagoas, que abriu oficialmente o Show Florestal 2025. A feira reuniu autoridades, executivos de grandes companhias e especialistas, tornando-se a maior vitrine da indústria de base florestal no Brasil.

Ricardo Malinovski: “o evento coloca os olhos do mundo sobre o MS”
Em entrevista exclusiva ao Atualiza MS, o CEO da Malinovski e organizador do evento, Ricardo Malinovski, destacou que o Show Florestal superou todas as expectativas e alcançou status internacional:
- 12 mil pessoas participaram da feira.
- Visitantes de 11 países estiveram presentes — entre eles Canadá, EUA, Argentina, Chile, Paraguai, China, Indonésia, Espanha, Finlândia e Suécia.
- Houve participação de representantes de 23 estados brasileiros.
- A feira registrou número recorde de equipamentos, como picadores e forwarders, em demonstrações dinâmicas.
“Este não é mais um evento regional, mas global. Tivemos aqui players de todos os continentes, e isso mostra que o Mato Grosso do Sul é diferenciado em relação a qualquer outro estado do Brasil. Três Lagoas se consolidou como a Capital Mundial da Celulose, e o Show Florestal é o palco onde essa força se revela”, afirmou Malinovski.
Ele também antecipou o calendário das próximas feiras do setor:
- 2026: feiras em Sete Lagoas (MS) e Curitiba (PR);
- 2027: a Expoforest, em São Paulo;
- 2028: retorno a Três Lagoas para a 3ª edição do Show Florestal, que segundo ele, “será ainda mais robusta e abrangente”.

Políticas públicas e atração de investimentos
Durante a feira, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, representando o governador Eduardo Riedel, lembrou que há dez anos o Estado adotou o setor florestal como prioridade e apostou na simplificação de processos para atrair empresas globais.
“Acreditamos na desburocratização e conseguimos consolidar o Vale da Celulose como um conceito reconhecido internacionalmente. A Suzano inaugurou a maior fábrica de celulose do mundo em Ribas, a Arauco já ergue a sua em Inocência, a Bracell confirmou Bataguassu, e ainda temos novos projetos no radar. O próximo passo é resolver gargalos logísticos e garantir competitividade ao setor”, destacou Verruck.
Hoje, Mato Grosso do Sul já abriga seis grandes projetos industriais em diferentes estágios de execução, entre eles o Projeto Cerrado (Suzano), o Projeto Sucuriú (Arauco) e a nova fábrica da Bracell, além da expansão da Eldorado em Três Lagoas.
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Painéis e debates
O congresso contou com o painel “O Vale da Celulose no Brasil — status dos megaempreendimentos florestais”, que reuniu representantes da Suzano, Eldorado, Arauco e Bracell. Os executivos debateram a expansão do setor, os desafios na formação de mão de obra, a competitividade e as práticas de sustentabilidade.
Com 163 expositores — 25% a mais que a edição anterior —, a feira apresentou lançamentos tecnológicos, rodadas de negócios e demonstrações ao vivo de equipamentos de processamento de biomassa.
Rodada de Negócios com apoio do SEBRAE movimenta mais de R$ 12 milhões
Uma Rodada de Negócios exclusiva para a cadeia florestal reuniu cerca de 50 empreendedores da região com grandes empresas do setor, como Suzano, Eldorado, Bracell, Senar/MS, Lacan e Eucapinus.
O encontro, no Escritório Regional do Sebrae, resultou em R$ 12,4 milhões em potenciais contratos e teve como foco aproximar fornecedores locais das demandas da indústria de base florestal — setor que é um dos motores econômicos de Mato Grosso do Sul.
Representantes do Governo do Estado e secretários municipais também participaram. Segundo a gerente regional do Sebrae/MS, Josi Signori, a ação trouxe protagonismo aos pequenos negócios:=.
“Trazer essas empresas para conversar diretamente com fornecedores locais é dar visibilidade a quem movimenta a economia da base", disse.
A rodada integrou o programa Conexões Corporativas, que busca ampliar o acesso dos pequenos empreendedores às grandes cadeias produtivas. Empresários participantes destacaram o impacto da iniciativa, ressaltando que dificilmente teriam acesso direto a compradores de porte global sem a intermediação do Sebrae.
Para as empresas âncoras, a ação também fortalece o território.
O analista de suprimentos da Eldorado Brasil, Élcio Santiago, destacou: “Nossa política de compras privilegia fornecedores locais sempre que possível. Essas rodadas nos permitem conhecer novos parceiros e soluções inovadoras.”

Olhar para o futuro
Para Malinovski, o Show Florestal 2025 foi um marco definitivo.
“Reunimos milhares de pessoas, centenas de empresas e representantes globais. A mensagem que fica é clara: o mundo está olhando para o Vale da Celulose. E o Mato Grosso do Sul já provou que pode ser protagonista no setor florestal por muitas décadas”, concluiu.
