Trinta dias após os primeiros registros de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas no Brasil, o cenário segue preocupante — e Mato Grosso do Sul está entre os estados que ainda investigam possíveis vítimas da contaminação.
Uma morte registrada em Campo Grande permanece sob análise, enquanto autoridades reforçam as ações de vigilância e controle no comércio de bebidas nos demais municípios sul-mato-grossenses.
Desde o alerta inicial emitido pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Campinas, em 26 de setembro, o país intensificou o combate à falsificação de bebidas.
Em Mato Grosso do Sul, as equipes da Vigilância Sanitária e das polícias Civil e Militar realizaram inspeções em bares, distribuidoras e comércios de bebida, especialmente na região de fronteira e no entorno de Três Lagoas, Campo Grande e Dourados.
O foco é identificar produtos falsificados que possam conter álcool combustível adulterado — apontado como a principal origem das contaminações. A substância usada indevidamente em bebidas destiladas apresentou concentrações elevadas de metanol, altamente tóxico e capaz de causar cegueira, falência renal e até a morte.

No país, o Ministério da Justiça contabiliza 58 casos confirmados e 15 mortes, a maioria em São Paulo, além de outros 50 casos em investigação e nove óbitos sob análise, incluindo um em Mato Grosso do Sul. O caso sul-mato-grossense reforçou o alerta da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que orienta a população a não consumir bebidas de procedência duvidosa e a comunicar imediatamente qualquer suspeita de intoxicação.
As ações de fiscalização no Estado seguem integradas com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Polícia Federal e o Ministério da Justiça. O objetivo é evitar que o produto contaminado chegue ao comércio regional. “É um risco grave à saúde pública. Estamos em alerta máximo e intensificamos as inspeções para garantir a segurança da população”, afirmou um técnico da SES.
Enquanto as autoridades tentam rastrear toda a cadeia de falsificação, universidades e centros de pesquisa brasileiros avançam em soluções tecnológicas para detecção rápida do metanol. Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco desenvolveram um “nariz eletrônico”, capaz de identificar a presença da substância em uma única gota de bebida — tecnologia que poderá ser utilizada futuramente pelos órgãos de controle.
No Mato Grosso do Sul, o episódio acendeu um alerta sobre o consumo consciente e a necessidade de fiscalização permanente. O Estado, que vem fortalecendo sua rede de vigilância e laboratórios toxicológicos, reforça que o enfrentamento à adulteração de bebidas exige ação coordenada entre governo, iniciativa privada e sociedade.
O tema também chegou ao Legislativo: tramita na Câmara dos Deputados o projeto que propõe tornar crime hediondo a adulteração de alimentos e bebidas, o que pode endurecer as punições a falsificadores e fortalecer a prevenção de novos casos.






