Março é o mês das mulheres, e essa é uma ótima oportunidade para destacar a importância das profissionais que, dia após dia, moldam o jornalismo brasileiro. Em um cenário historicamente dominado por homens, as mulheres conquistaram espaços de protagonismo, consolidando-se como referências na imprensa nacional.
O Brasil tem exemplos emblemáticos de jornalistas que romperam barreiras e ajudaram a redefinir o papel da mulher na mídia. Nomes como Miriam Leitão, Eliane Brum, Patrícia Campos Mello, Renata Lo Prete e tantas outras se tornaram símbolos de credibilidade e competência, demonstrando que a presença feminina no jornalismo é essencial para a pluralidade da informação.
No entanto, essa jornada não foi – e ainda não é – isenta de desafios. Mulheres jornalistas frequentemente enfrentam dificuldades que vão desde a desigualdade salarial até ataques virtuais e tentativas de descredibilização de seu trabalho. O assédio, tanto nos bastidores das redações quanto no ambiente digital, é uma realidade que precisa ser combatida para garantir um ambiente de trabalho mais seguro e justo.
Apesar disso, as conquistas são notáveis. Hoje, a presença feminina no comando de redações e programas jornalísticos é crescente. O jornalismo televisivo, por exemplo, tem visto mulheres assumindo postos antes ocupados apenas por homens, como âncoras de telejornais, comentaristas políticas e editoras-chefes de grandes veículos. O fenômeno também se estende para o jornalismo digital e independente, onde muitas jornalistas lideram iniciativas inovadoras e corajosas na busca pela verdade e pela informação de qualidade.
Minha própria trajetória no jornalismo foi marcada pela inspiração e aprendizado ao lado de mulheres extremamente talentosas. Fabiane Berto e Andressa Bazan, na TV Bandeirantes. Tânia Guerra, Daniele Gonçalves e Mirella Bérgamo na TV Record Bauru. Luciana Crepaldi, na Record em Rio Preto... alguns exemplos de profissionais que admiro profundamente. Além delas, algumas colegas da época de SBT Interior em Presidente Prudente foram grandes parceiras de jornada e aprendizado.
Já em Mato Grosso do Sul, o convívio estreito com tantas colegas competentes e queridas nas redações de Campo Grande e Três Lagoas serviu de muita inspiração e orgulho. São mulheres que, com talento e dedicação, ajudaram a moldar minha visão sobre a profissão e reforçaram a importância da presença feminina no jornalismo.
Outro ponto fundamental é o impacto da perspectiva feminina na construção das notícias. Mulheres jornalistas trazem à tona pautas muitas vezes negligenciadas, como violência de gênero, direitos reprodutivos, desigualdade social e representatividade. Essa abordagem amplia o espectro da cobertura jornalística e contribui para um debate mais rico e diverso.
A valorização do trabalho feminino na imprensa não deve se restringir apenas ao mês de março, mas ser uma pauta constante dentro e fora das redações.
O jornalismo precisa de mais mulheres em posições de liderança, mais igualdade de oportunidades e um ambiente seguro para que todas possam exercer sua profissão sem medo ou limitações.
Se há algo que a trajetória das mulheres na imprensa brasileira nos ensina, é que resistência e competência caminham juntas.
Elas ocupam os espaços e os transformam, garantindo que a verdade seja contada sob múltiplas perspectivas e que a informação continue sendo um pilar essencial da democracia.
E fazem isso com um charme e um perfume diferentes dos nossos.
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Por Rogério Potinatti
Jornalista profissional | MTB: 50.151/SP
Instagram: @rgpotinatti