Com o encerramento das eleições municipais e a definição dos novos governantes, muitos podem acreditar que o papel da imprensa se reduz à divulgação dos resultados. No entanto, a verdadeira missão dos jornalistas começa agora: fiscalizar o comportamento dos eleitos e assegurar que os compromissos assumidos durante a campanha sejam cumpridos. Esse acompanhamento diário é um dos pilares da democracia, garantindo transparência e responsabilidade pública.
A função de fiscalizar os eleitos não é novidade, mas em um cenário onde as fake news e a desinformação se tornaram armas de manipulação, o jornalismo tem um papel ainda mais importante.
Mais do que apenas relatar os fatos, é necessário contextualizá-los, confrontá-los com a realidade e com as promessas feitas aos eleitores. Isso significa acompanhar reuniões, decisões administrativas e, sobretudo, o impacto das políticas adotadas nas comunidades.
O comportamento dos eleitos deve ser um ponto de constante escrutínio. A imprensa precisa garantir que prefeitos e vereadores estejam realmente trabalhando em prol da coletividade e não de interesses pessoais ou de pequenos grupos. Isso demanda um olhar atento para os desvios de conduta, para a coerência entre discurso e prática e, principalmente, para o uso dos recursos públicos. A análise crítica das decisões tomadas pelos governantes é parte fundamental desse processo de acompanhamento.
E o desafio de fiscalizar o poder vai além do acesso à informação. Muitas vezes, governos buscam formas de dificultar o trabalho da imprensa, seja restringindo o acesso a dados, seja tentando controlar a narrativa dos fatos por meio de assessorias e redes sociais. Para combater isso, o jornalista precisa estar cada vez mais preparado para investigar a fundo, checar fontes e produzir conteúdos que desafiem a versão oficial, quando necessário.
Outra missão importante dos jornalistas é dar voz aos cidadãos que confiaram nos eleitos. As redações precisam estar atentas às queixas e às demandas da população, que muitas vezes ficam esquecidas depois do período eleitoral. É dever da imprensa garantir que o espaço público seja um local de debate aberto, onde as vozes da sociedade sejam ouvidas e amplificadas.
Além disso, há o papel de traduzir as ações políticas para a população. Muitas vezes, as decisões administrativas são comunicadas de forma técnica ou burocrática, o que dificulta o entendimento do cidadão comum. O jornalista, nesse caso, deve atuar como um mediador, explicando de maneira clara o impacto de cada medida adotada pela gestão municipal e mostrando como essas ações afetam diretamente a vida das pessoas.
Nos tempos atuais, em que a confiança nas instituições está abalada, a imprensa se torna um pilar fundamental para manter a democracia saudável.
O jornalista não pode, em hipótese alguma, perder de vista sua missão de investigar e questionar. Mesmo quando a pauta não gera grandes manchetes ou quando o público parece estar desinteressado, é preciso lembrar que a omissão também pode ser um facilitador para a corrupção e a má gestão.
Mas eu acredito que a crítica deve ser construtiva. O jornalista também precisa reconhecer e valorizar ações positivas dos eleitos, quando estas forem genuinamente voltadas ao bem-estar da população. Um bom acompanhamento jornalístico não se resume a apontar erros, mas a oferecer um retrato fiel da administração pública, com seus avanços e desafios.
Com a evolução das tecnologias e a democratização do acesso à informação, os jornalistas têm em mãos um vasto arsenal de ferramentas para ampliar seu alcance e sua influência.
É fundamental, contudo, que o profissional da imprensa se mantenha ético e comprometido com a verdade, resistindo às pressões externas que tentam distorcer os fatos ou manipular as narrativas. O trabalho jornalístico deve ser pautado pelo interesse público, independentemente dos desafios que surgirem no caminho.
Por fim, a imprensa, livre graças a Deus, precisa acompanhar os governantes, verificando se estes cumprem seus compromissos e ajam em prol do coletivo.
A imprensa segue fortalecendo o laço entre o cidadão e a política, mostrando que o poder pertence, de fato, ao povo.

Por Rogério Potinatti
Jornalista profissional | MTB: 50.151/SP
Instagram: @rgpotinatti