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Campo Grande pode ganhar unidade de fertilizantes boliviana enquanto UFN3 de Três Lagoas segue paralisada

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
29/4/2025
às
8:05

Com a indefinição sobre a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3), em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul pode ver nascer um novo polo de produção de fertilizantes. Empresários bolivianos da Gravetal Bolívia S.A apresentaram ao governo estadual um projeto para instalar uma unidade misturadora de fertilizantes em Campo Grande, no Polo Industrial Oeste.

A proposta foi detalhada em reunião com representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), além de diretores da Serving Agro, da Bolivia Entretenida e da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS).

Segundo o secretário Jaime Verruck, o projeto é estratégico para fortalecer a cadeia agropecuária da região Centro-Oeste. A iniciativa prevê a importação de insumos como ureia, boro e fosfato da Bolívia, que serão misturados e preparados em solo sul-mato-grossense. A Gravetal já negocia a aquisição de uma área junto à prefeitura de Campo Grande para iniciar a implantação da fábrica.

Além disso, a empresa pretende otimizar a logística ao comprar soja em Mato Grosso do Sul e transportá-la para processamento em sua planta já instalada na divisa com a Bolívia, aproveitando o frete de retorno para reduzir custos.

“A Gravetal traz um projeto maduro e que pode ampliar a competitividade da nossa agroindústria, reduzindo dependência de insumos externos e agregando valor à produção local”, destacou Verruck.

A atuação da Gravetal na fronteira entre Brasil e Bolívia, já consolidada no processamento de soja, agora será ampliada por meio de uma parceria com empresa brasileira, reforçando a integração produtiva entre os dois países. Durante a reunião, os empresários também demonstraram interesse no avanço da malha ferroviária de Mato Grosso do Sul, considerada fundamental para a viabilidade do novo empreendimento.

UFN3 ainda sem solução definitiva

Enquanto novos investimentos começam a se desenhar, a situação da UFN3 em Três Lagoas permanece sem avanços concretos. A fábrica, que deveria ser a maior produtora de ureia e amônia da América do Sul, teve sua construção interrompida em 2014, com cerca de 80% das obras concluídas.

Apesar de recentes sinalizações de retomada — com previsão de licitação para escolha da nova construtora ainda neste ano — o projeto continua paralisado. O orçamento para a conclusão da unidade está estimado em US$ 800 milhões (cerca de R$ 4,6 bilhões), mas a expectativa de entrega até o final do atual mandato presidencial começa a ficar comprometida, considerando o prazo de execução de 12 a 18 meses.

Além de concluir a estrutura inacabada, a retomada exigirá a recuperação de danos causados pela deterioração após mais de uma década de abandono.

A plena operação da UFN3 seria fundamental para reduzir a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados, podendo diminuir entre 15% e 30% a necessidade de compras externas.

Quando estiver ativa, a unidade em Três Lagoas terá capacidade para produzir 3.600 toneladas diárias de ureia e 2.200 toneladas de amônia, movimentando a economia regional e gerando até 8 mil empregos na fase de obras e 600 empregos permanentes após a inauguração.

Enquanto isso, investidores bolivianos se posicionam para ocupar parte deste mercado estratégico, em um movimento que reforça a relevância logística e produtiva de Mato Grosso do Sul no cenário nacional e internacional do agronegócio.