Em um ato que já repercute como um marco de austeridade e coragem, o prefeito eleito de Três Lagoas, Cassiano Maia (PSDB), reuniu a imprensa nesta sexta-feira (20) para anunciar uma medida histórica: o corte de 1.881 servidores comissionados da prefeitura, decisão que entrará em vigor a partir de 2 de janeiro.
A ação foi motivada por um levantamento da comissão de transição, que apontou um comprometimento alarmante de 53,8% do orçamento municipal, superior a R$ 1,3 bilhão, com a folha de pagamento.
"Cortar na carne para construir eficiência"
De acordo com Cassiano, a decisão é necessária para evitar que o município ultrapasse o limite de 54% imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
“A folha de pagamento consome mais de R$ 700 milhões. Como exemplo, se contratarmos apenas mais 25 servidores com o salário médio da prefeitura, já ultrapassamos o limite”, declarou.
Atualmente, o município conta com aproximadamente 5.500 servidores, dos quais 1.150 são comissionados.
Plano de recontratação gradual e valorização dos efetivos
Para minimizar o impacto das demissões, Cassiano anunciou que alguns servidores comissionados poderão ser recontratados gradualmente, desde que atendam critérios como desempenho, necessidade e aprovação dos futuros gestores municipais, como secretários e diretores.
Ele também destacou a intenção de implementar um Plano de Cargos e Carreiras, beneficiando os servidores efetivos e reduzindo o índice da folha para cerca de 48%.
Sobre a realização de concursos públicos, Cassiano condicionou o aumento do número de concursados à redução do índice atual.
“Precisamos cortar na carne agora para construirmos uma gestão mais eficiente e sustentável. Além disso, será fundamental equilibrarmos as contas públicas com a atração de novos investimentos para o município”, afirmou.
Apoio dos sindicatos e reação política
A decisão foi comunicada previamente ao Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SSPM) e ao Sindicato dos Profissionais da Educação (Sinted).
Presente na coletiva de imprensa, a representante do Sinted e futura vereadora, Maria Diogo, afirmou que a categoria aceita as mudanças, mas espera que Cassiano dê posse a professores e trabalhadores administrativos. Ela também reforçou a luta pela implementação da jornada de seis horas, possibilitando que funcionários possam trabalhar em dois turnos.
O vereador eleito Fernando Jurado elogiou a decisão de Cassiano, destacando a coragem e o compromisso di futuro gestor com a eficiência da gestão pública.
“A palavra que resume esse anúncio é coragem. Mostrou clareza e entendimento dos números do município. Nossa máquina está claramente inchada e o plano do futuro prefeito é inquestionável e necessário. É dessa forma que fazemos uma gestão séria”, declarou.
Jurado apresentou ainda um estudo realizado por sua equipe, em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas (ACITL), que revela um ranking interessante: Três Lagoas ocupa a 136ª posição entre as 170 cidades brasileiras com receitas acima de R$ 1 bilhão, ultrapassando em recursos per capita todas as capitais do país, exceto Vitória (ES).
Impacto para o futuro
Cassiano finalizou o anúncio reafirmando seu compromisso com a transparência e a eficiência na gestão pública. Ele garantiu que a economia gerada será direcionada a investimentos em áreas prioritárias e prometeu uma gestão preocupada na atração de novos negócios para o município.
"Não é porque contamos com um bom caixa, com boa saúde financeira, que podemos entrar na zona de conforto, muito pelo contrário! Temos que atrair novas indústrias, novos empreendimentos e contar com o apoio dos governos do estado e federal para os investimentos necessários", reforçou Maia.
A medida marca o início de um novo ciclo administrativo em Três Lagoas, que busca equilíbrio fiscal e modernização da gestão para enfrentar os desafios de uma cidade em constante crescimento.
A decisão de hoje, embora polêmica, sinaliza a disposição do futuro prefeito em adotar soluções drásticas para garantir um futuro mais sustentável para o município.