O turismo em Mato Grosso do Sul vive dois momentos bem distintos quando se olha para os aeroportos regionais. Enquanto Bonito amplia sua malha aérea e se consolida como destino internacional, Três Lagoas amarga a falta de voos comerciais desde março deste ano.
Em 10 de março, a Azul Linhas Aéreas suspendeu a única rota regular que ligava Três Lagoas a Campinas. A justificativa envolveu alta de custos operacionais, dificuldades na cadeia de suprimentos, impacto do dólar e limitação de frota. Com a decisão, o aeroporto três-lagoense, que era atendido por aeronaves ATR72-600, passou a contar apenas com operações particulares.
A ausência de voos comerciais compromete a conectividade da cidade, reconhecida como polo industrial e logístico da Costa Leste de Mato Grosso do Sul. Empresários e passageiros que dependiam da rota agora precisam recorrer a viagens rodoviárias ou deslocar-se até Campo Grande e Ribeirão Preto para acessar a malha aérea nacional.

Bonito em rota de crescimento
Na contramão desse cenário, Bonito experimenta um verdadeiro salto no turismo. Já atendido pela Gol e Azul, o município ganhou neste mês a Latam Airlines, que incluiu voos regulares partindo de Guarulhos.
Agora, os três principais aeroportos de São Paulo — Guarulhos, Congonhas e Viracopos — têm rotas diretas para a cidade conhecida mundialmente por suas águas cristalinas e pelo turismo de natureza.
De janeiro a 14 de agosto, o terminal já havia registrado 38 mil passageiros, e a expectativa é de ultrapassar 60 mil até dezembro, graças à nova frequência. A estrutura também acompanha o crescimento: o aeroporto está em expansão, passando de 783 m² para 1.709 m², com investimento estimado em R$ 13 milhões.
Para o diretor-presidente da Fundtur, Bruno Wendling, a conectividade aérea fortalece ainda mais a imagem do destino.
“Agora Bonito se conecta diretamente a Guarulhos, principal porta de entrada internacional do Brasil, o que amplia o alcance para turistas de todo o mundo.”
Contrastes regionais
Enquanto Bonito colhe os frutos de investimentos contínuos em infraestrutura e se consolida como vitrine do turismo sustentável, Três Lagoas ainda busca alternativas para retomar sua ligação aérea.
A ausência de voos comerciais representa um gargalo para uma cidade em pleno crescimento industrial, mas que segue com seu aeroporto subutilizado.
Essa diferença expõe uma realidade contrastante no Estado: de um lado, Bonito reforça sua posição como destino turístico global; do outro, Três Lagoas enfrenta a decadência de uma estrutura que, por enquanto, perdeu sua função essencial de conectar a região ao restante do País.
Se Três Lagoas direcionasse mais esforços para desenvolver e promover suas atrações turísticas, poderia criar um novo apelo junto às companhias aéreas. O município, já consolidado como polo industrial, tem potencial para agregar o turismo de negócios a opções de lazer e cultura, o que aumentaria a demanda por voos regulares.
A valorização de seus atrativos naturais, eventos regionais e espaços de entretenimento poderia transformar a cidade em um destino mais competitivo, fortalecendo os argumentos para que empresas retomem operações aéreas em breve.