A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já autorizou a construção de uma nova ferrovia de 47 quilômetros pela Arauco Celulose, no município de Inocência (MS).
O projeto prevê a ligação da futura fábrica de celulose da empresa chilena até a Malha Norte, principal rota ferroviária de escoamento da produção industrial do Estado, especialmente para exportação pelo Porto de Santos.
O contrato aprovado pela ANTT terá duração de 99 anos e permitirá à empresa movimentar toda sua produção anual estimada em 3,5 milhões de toneladas de celulose por meio da ferrovia. O investimento total no empreendimento ultrapassa US$ 4,6 bilhões.
Para Jaime Verruck, secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), a autorização reforça o papel estratégico da Malha Norte para o setor produtivo de Mato Grosso do Sul.
“Essa ferrovia já é a espinha dorsal logística da celulose sul-mato-grossense. Com mais esse investimento, estamos consolidando uma solução eficiente e competitiva para o escoamento dos nossos produtos até os portos”, destacou.
Escoamento ferroviário da celulose
Operada atualmente pela Rumo Logística, a Malha Norte atravessa cerca de 755 quilômetros, conectando Santa Fé do Sul (SP) até Rondonópolis (MT). Com a chegada da Arauco, Inocência fortalece ainda mais sua posição como um importante polo industrial.
Além da Arauco, empresas como Suzano e Eldorado já têm planos ferroviários semelhantes aprovados pela ANTT, embora os projetos estejam em diferentes estágios de implantação.
A Suzano, por exemplo, recebeu autorização em 2022 para construir um trecho ferroviário de 231 km entre Ribas do Rio Pardo e Inocência, mas ainda não iniciou as obras.
Já a Eldorado tem autorização para um ramal ferroviário de 89 quilômetros entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado, com previsão inicial de investimentos de quase R$ 890 milhões.
Esses projetos enfrentam atualmente desafios de atualização orçamentária, devido ao aumento expressivo no custo de construção. A própria Arauco estima gastos de aproximadamente R$ 17 milhões por quilômetro construído, valor significativamente maior que as projeções anteriores do mercado, que giravam em torno de R$ 10 milhões por quilômetro.
Para o Governo do Estado, a ampliação da malha ferroviária é estratégica não apenas para o setor da celulose, mas para todo o desenvolvimento econômico regional.