Os conselheiros do Conselho de Controle Ambiental (Ceca) de Mato Grosso do Sul aprovaram, por unanimidade, a Licença Prévia para a construção da nova fábrica de celulose da Bracell em Bataguassu.
O aval concedido nesta sexta-feira (5) representa uma das etapas mais decisivas para a implantação do empreendimento, que será instalado às margens da BR-267, a cerca de nove quilômetros do centro urbano do município, sentido MS/SP.
A expectativa do governo é manter o cronograma das próximas etapas do licenciamento.
O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, calcula que a Licença de Instalação — documento que autoriza o início das obras — seja emitida até fevereiro de 2026. Somente após essa liberação será possível iniciar a construção efetiva da fábrica, que prevê investimento de R$ 16 bilhões.
A reunião do Ceca ocorreu em formato virtual. O processo foi relatado pela conselheira Bruna Feitosa Beltrão Novaes, representante da Assomasul, que votou favoravelmente com base no parecer técnico emitido pelo Imasul em outubro.
Segundo a Semadesc, o órgão ambiental realizou audiência pública em maio e cumpriu todas as etapas legais previstas para projetos de grande porte.
Nova referência na indústria de celulose em MS
Quando entrar em operação, a unidade da Bracell será a sexta fábrica de celulose de Mato Grosso do Sul — e a primeira com capacidade de produzir celulose solúvel, utilizada na fabricação de tecidos e outros materiais de alto valor agregado. Para Verruck, essa característica abre um novo capítulo na cadeia produtiva do setor no Estado.
O investimento previsto é menor do que a estimativa inicial apresentada anos atrás, quando o projeto ainda estava previsto para Água Clara: de R$ 23 bilhões, caiu para R$ 16 bilhões. Além de Bataguassu, municípios como Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo e Três Lagoas também serão impactados, já que devem fornecer parte da matéria-prima para a indústria.
A planta terá capacidade de produzir até 2,92 milhões de toneladas anuais de celulose kraft e mais 2,6 milhões de toneladas de celulose kraft e solúvel, dependendo da composição operada. Para isso, deve consumir cerca de 12 milhões de metros cúbicos de eucalipto por ano e gerar energia própria por meio de sistemas de cogeração que somam 462 MW.
Verruck também destacou que o Plano Básico Ambiental (PBA) será construído em conjunto com a comunidade de Bataguassu, definindo quais estruturas sociais precisarão ser fortalecidas para receber um empreendimento dessa dimensão.
Impactos e responsabilidades ambientais
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) elaborado para a fábrica reúne mais de 8,6 mil páginas. Nele, são detalhadas as alterações previstas no meio ambiente e as medidas que a Bracell terá que executar para mitigá-las.
No total, são 26 programas ambientais obrigatórios, incluindo monitoramento de fauna e flora, controle de emissões atmosféricas, gerenciamento de resíduos, educação ambiental, segurança do trabalhador, avaliação de ruídos, mitigação do tráfego e ações emergenciais.
Os programas também abrangem monitoramento de águas superficiais e subterrâneas, gestão de riscos, comunicação social e controle de processos erosivos — um conjunto de medidas que busca garantir que o avanço do empreendimento ocorra de forma sustentável e dentro das exigências legais.
Com a Licença Prévia concedida e o processo ambiental em curso, a megafábrica da Bracell avança para a fase que deve transformar Bataguassu e região em um novo polo de produção de celulose no Brasil.
Bracell no Brasil
As operações do Grupo RGE no Brasil iniciaram em 2003, com a aquisição da BSC (Bahia Specialty Cellulose) e da Copener Florestal, na Bahia. Em agosto de 2018, a atuação da empresa foi ampliada com a aquisição da Lwarcel Celulose, no interior de São Paulo. Além dessas unidades de produção, há escritórios na Ásia, EMEA (Europa, Oriente Médio e África, na sigla em inglês) e Estados Unidos.
Uma das líderes globais na produção de celulose solúvel especial, a Bracell baseia suas operações no cultivo sustentável de eucalipto e fábricas de última geração. Nos dois estados onde atua, a empresa gera cerca de 10 mil empregos, considerando trabalhadores diretos e terceirizados de forma permanente nas atividades industriais, florestais e de logística.
A Bracell investe continuamente em tecnologia e pesquisa para oferecer aos seus clientes produtos de alta qualidade, entregues no prazo e a preços competitivos, respeitando sempre o meio ambiente e as comunidades em todas as etapas das suas operações.
A Bracell tem capacidade de produção de 500.000 toneladas de celulose especial por ano na Bahia e 250.000 toneladas de celulose kraft por ano em São Paulo. Suas fábricas utilizam um processo de produção altamente avançado para obter altos níveis de pureza, com um teor de alfa-celulose de até 98,5%.



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