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Com retração histórica, geração de empregos em MS atinge nível mais baixo pós-pandemia

Foto: reprodução
Rogerio Potinatti
4/5/2025
às
7:35

Apesar de manter um dos menores índices de desemprego do país, Mato Grosso do Sul registrou no primeiro trimestre de 2025 seu pior desempenho na geração de empregos formais desde o início da pandemia de Covid-19.

Segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o saldo de vagas criadas no estado entre janeiro e março foi de 12.584 — uma queda de 54,5% em relação ao mesmo período de 2024, quando o número havia sido de 27.707.

Especialistas apontam que a desaceleração pode estar relacionada ao estágio atual da economia estadual.

Segundo o economista Eduardo Matos, Mato Grosso do Sul vive um momento de pleno emprego, em que a maioria das pessoas em idade ativa ou dispostas a trabalhar já está ocupada — seja de forma formal ou informal.

“Atingimos um platô na geração de empregos. O mercado está praticamente esgotado em termos de novas contratações, principalmente porque há um número limitado de pessoas disponíveis para novas vagas e, ao mesmo tempo, um cenário de cautela entre os investidores”, analisa Matos.

O mestre em Economia Eugênio Pavão também destaca fatores macroeconômicos que afetam o desempenho do mercado de trabalho, como as seguidas altas na taxa de juros, que acabam reduzindo os investimentos e a abertura de novas vagas. Além disso, ele menciona os efeitos das tensões no comércio internacional e a queda na produção agrícola, que influenciam diretamente setores importantes da economia sul-mato-grossense.

Ainda assim, o saldo de empregos em março deste ano foi positivo: 1.114 vagas formais. O resultado só é maior do que o registrado em março de 2020, auge da pandemia, quando houve perda de 616 empregos no estado.

Cenário nacional também apresenta retração

O Brasil também registrou retração na criação de empregos formais. Em março de 2025, foram gerados 71,6 mil postos com carteira assinada, uma queda de 71% em relação a março de 2024, que havia somado 245,4 mil novas vagas. Este foi o pior desempenho para o mês de março desde 2020, quando o país viveu o impacto mais severo da pandemia.

No acumulado do primeiro trimestre de 2025, o país registrou 654,5 mil vagas formais, número 9,8% inferior ao do mesmo período de 2024. Ainda assim, o volume é superior ao registrado no primeiro trimestre de 2023.

Apesar da queda no ritmo das contratações, os indicadores de ocupação seguem positivos. Mato Grosso do Sul fechou 2024 com uma taxa de desemprego anual de 3,9%, o menor índice desde o início da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012 pelo IBGE.

No quarto trimestre de 2024, a taxa de desocupação foi de 3,7%, a quinta menor do país. Apenas Mato Grosso (2,5%), Santa Catarina (2,7%), Rondônia (2,8%) e Paraná (3,3%) apresentaram números melhores. O estado também se destaca por ter a segunda menor taxa de desalento e a sexta menor taxa de informalidade do país.

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, mais de 60% da população economicamente ativa está ocupada, reflexo direto da diversidade de setores com alta demanda por mão de obra, como a agroindústria, o comércio e os serviços.

“Mato Grosso do Sul está se consolidando como um polo de oportunidades, com forte geração de emprego e renda. Mas agora o desafio é qualificar ainda mais essa mão de obra para manter esse ritmo e garantir melhores salários”, disse o secretário.

Bons salários

O rendimento dos trabalhadores formais em Mato Grosso do Sul se destaca no cenário nacional. O salário médio mensal real no estado é de R$ 3.504, acima da média nacional, que é de R$ 3.346, de acordo com o IBGE.

Para o governador Eduardo Riedel, o foco agora deve estar na capacitação profissional, a fim de garantir que o crescimento no nível de ocupação venha acompanhado de melhoria na qualidade de vida da população.

“Não basta apenas gerar vagas. Precisamos oferecer condições para que as pessoas aumentem sua renda, por meio da qualificação, do estudo e do conhecimento. É isso que tem feito nossa média salarial ser uma das maiores do país”, ressaltou o governador.