A tensão envolvendo movimentos de trabalhadores rurais em Mato Grosso do Sul ganhou novos capítulos nesta segunda-feira (28). Após a desocupação de uma área invadida em Dourados no domingo (27), integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) passaram a ocupar o prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Campo Grande e interditaram novas rodovias.
Segundo Laura dos Santos, representante do MST na direção nacional, não há previsão para desocupação do prédio do Incra. O grupo exige uma reunião direta com o ministro do Desenvolvimento Agrário e com o presidente do Incra nacional para tratar da situação de assentamentos no Estado, especialmente de uma área localizada em Sidrolândia.
“O objetivo é abrir diálogo com o Governo Federal e discutir a destinação de uma área em Sidrolândia, cujo proprietário possui uma dívida tributária de cerca de R$ 300 milhões. Queremos garantir o assentamento das famílias do Movimento Unitário”, afirmou Laura.
A ocupação teve início por volta das 7h40, no térreo do prédio, e reúne manifestantes do MST, do MClra (Movimento Camponês Luta pela Reforma Agrária) e de outros movimentos sociais.
Rodovias bloqueadas
Além da ocupação do Incra, manifestantes também interditaram trechos da BR-060 e da rodovia estadual MS-164, que liga Ponta Porã à BR-267, nas proximidades de Maracaju. Pneus foram incendiados na MS-164, bloqueando completamente a passagem.
Após negociações com a Polícia Rodoviária Federal, o bloqueio da BR-060 foi parcialmente flexibilizado: foi implantado o sistema "Pare e Siga", permitindo a passagem de veículos a cada 15 minutos nos dois sentidos.

Diálogo em andamento
O superintendente do Incra em Mato Grosso do Sul, Paulo Roberto da Silva, informou que reuniões entre a direção estadual e representantes de Brasília estão previstas ainda para hoje (28).
Segundo ele, o objetivo é estabelecer canais de diálogo e tratar das pautas apresentadas pelos movimentos.
“Eles apresentaram uma pauta, estamos recebendo e vamos trabalhar para construir soluções. Teremos reuniões com representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Incra nacional. A ideia é conduzir o processo de forma pacífica”, explicou.
Atualmente, a fila da reforma agrária em Mato Grosso do Sul soma 11.601 famílias distribuídas em 82 acampamentos. Para atender essa demanda, seriam necessários aproximadamente 90 mil hectares de terras.
