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Exportações de carne bovina de MS crescem e superam crise com Carrefour

Foto: reprodução
Rogério Potinatti
27/11/2024
às
7:40

Enquanto o Carrefour protagoniza uma crise internacional, o Mato Grosso do Sul alcança números históricos na produção e exportação de carne bovina. O estado, que já se consolidava como o 4º maior produtor nacional, agora conquista o mercado global com exportações que saltaram de 2% para impressionantes 22,5% da produção estadual em apenas quatro anos.

Segundo o IBGE, a produção sul-mato-grossense responde por 10% da carne bovina nacional, empatando com estados como São Paulo e Goiás, enquanto Mato Grosso lidera com 19%. A celulose segue como carro-chefe das exportações estaduais, mas a carne bovina desponta como a segunda maior força, responsável por 11% da balança comercial, gerando US$ 881 milhões entre janeiro e setembro de 2024.

A China domina como principal destino da carne de MS, absorvendo 24% das exportações, seguida por Estados Unidos (16%) e Chile (14%). Ao todo, o estado comercializou carne bovina para 63 países em 2024, um reflexo da estratégia de diversificação que reduz a dependência de mercados específicos e reforça a posição de Mato Grosso do Sul no cenário global.

Esse crescimento ocorre mesmo em meio à controvérsia gerada pelo Carrefour. Em 20 de novembro, o CEO da rede francesa anunciou a suspensão da compra de proteínas brasileiras, alegando que os produtos não atendiam às normas exigidas pela França. A declaração provocou indignação de produtores brasileiros, que reagiram suspendendo o fornecimento para a rede.

Quatro dias após o início do embate, o Carrefour recuou, publicando uma nota onde reafirma a importância da carne bovina brasileira, lamentando o impacto de sua declaração inicial e garantindo a continuidade das compras.

MS fortalece mercado global

Enquanto a polêmica com o Carrefour parece perder força, Mato Grosso do Sul segue se consolidando como uma potência exportadora. A escalada nas vendas externas reflete o avanço do estado em mercados exigentes e de alto consumo, reafirmando sua força no comércio internacional de carne bovina.

Com o foco na qualidade e na ampliação de sua presença global, o estado demonstra que, mesmo diante de desafios, pode transformar adversidades em oportunidades para reforçar sua liderança.

Retratação

No novo comunicado, divulgado na manhã desta terça-feira (26/11) pela matriz francesa, a empresa ressaltou que continuará comprando a carne brasileira, como faz “há 50 anos”.

“Nossa declaração de apoio à comunidade agrícola francesa, formulada na quarta-feira passada, sobre o acordo de livre comércio com o Mercosul, causou desentendimentos com o Brasil e é nossa responsabilidade resolver”, destacou o texto.

A empresa acrescentou que a posição do CEO não tem como objetivo alterar “as regras de um mercado francês já muito estruturado nas suas cadeias de abastecimento locais”, mas garantir ajuda aos agricultores franceses, “mergulhados numa grave crise”. “Do outro lado do Atlântico, compramos quase toda a nossa carne brasileira do Brasil e continuaremos a fazê-lo”, completou.

A rede também elogiou a qualidade da carne brasileira:

“Temos orgulho de ser o primeiro parceiro e promotor histórico da agricultura brasileira. Conhecemos melhor do que ninguém os padrões que a carne brasileira atende, sua alta qualidade e sabor. Continuaremos a valorizar os setores agrícolas brasileiros como temos feito no Brasil há quase 50 anos”.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que recebeu carta assinada pelo diretor-presidente do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, esclarecendo a declaração em apoio aos agricultores franceses e reconhecendo a alta qualidade, o respeito às normas e o sabor da carne brasileira.

“O Mapa trabalha sempre no intuito de esclarecer os fatos para não permitir que declarações equivocadas coloquem em dúvida um trabalho de defesa agropecuária de alto nível e de uma produção de alta qualidade e comprometida com uma das legislações ambientais mais rigorosas do planeta”, explicou o ministério.

Entenda

A polêmica começou após o CEO do Carrefour francês, Alexandre Bompard, anunciar, na quarta-feira (20/11), que enviaria carta ao sindicato agrícola francês FNSEA informando que não mais adquiriria proteína animal de países do Mercosul.

O gesto do presidente da rede veio no contexto de um grande número de protestos na França contra a assinatura do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. Os produtores do país europeu são contra o texto porque temem que a concorrência seja uma ameaça aos produtos locais.

As reações começaram ainda na quarta. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) lamentou a suspensão da compra dos produtos do Mercosul e afirmou que não enxergava razões para a decisão do Carrefour francês.

No fim da semana passada, frigoríficos brasileiros anunciaram a suspensão do fornecimento de carne às lojas do Carrefour no Brasil. Nesta segunda-feira (25/11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se manifestou sobre o assunto. Ele disse não enxergar razões para a medida do Carrefour.

“Eu não vou ficar comentando a atitude de empresa, mas, enfim, houve uma reação justificável a esse tipo de declaração. Uma empresa que está instalada no Brasil… Não faz muito sentido (suspender a compra da carne)”, afirmou o ministro.

O Carrefour se defendeu ao dizer que não questionava a qualidade dos produtos do bloco. “Em nenhum momento se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em contexto de crise”, informou a empresa.