A discussão sobre o futuro turístico de Três Lagoas ganhou novos contornos após o vereador Fernando Jurado apresentar a proposta de uma Parceria Público-Privada (PPP) para modernizar a Lagoa Maior e outros pontos turísticos municipais, como o balneário “Miguel Jorge Tabox”.
A sugestão, segundo ele, tem sido alvo de interpretações equivocadas nas redes sociais — especialmente a ideia de que os espaços seriam totalmente “privatizados”, ou seja, entregues a empresas e investidores particulares. Jurado afirma que a proposta de uma PPP não transfere a propriedade dos locais, tampouco restringe o acesso da população aos locais gratuitamente, como ocorre na atualidade.
"Trata-se de um modelo de gestão compartilhada, onde a iniciativa privada investe em melhorias estruturais e opera determinados serviços, enquanto o município mantém o domínio público das áreas e a gratuidade para quem usa o espaço de forma cotidiana, como em caminhadas, lazer ao ar livre, práticas esportivas e convivência. É preciso entender essa diferença", explica o vereador.

Revitalização sem perder a essência
Símbolo do estilo de vida três-lagoense, a Lagoa Maior, há décadas, é o cartão-postal mais afetivo da cidade: ponto de encontro para o tereré no fim da tarde, crianças brincando, corredores ocupando a pista e a paisagem que reúne moradores e visitantes. Jurado afirma que é justamente esse patrimônio que precisa ser protegido, ao mesmo tempo em que se pensa no futuro.
"A proposta de uma PPP para o nosso principal cartão-postal, que é a Lagoa Maior, visa ampliar a estrutura e transformá-la em um polo de lazer mais completo. Entre as possibilidades, estão a instalação de pedalinhos, uma roda-gigante com vista panorâmica, quiosques padronizados que impulsionem a economia local, banheiros adequados, iluminação reforçada, segurança permanente e uma pista de caminhada modernizada. Tudo aquilo que faz parte da rotina da cidade permanece: a ideia não é romper com a identidade do lugar, mas aprimorar o que já existe. É a Lagoa do amanhã, construída sem apagar o que ela já significa hoje”, afirmou ao Atualiza MS.

Turismo como alternativa econômica
Fernando Jurado também relaciona a necessidade de mais investimentos no turismo do município, cujo setor ele chama de "futuro econômico de Três Lagoas".
De acordo com o parlamentar, a reforma fiscal prevista para 2032 poderá reduzir ou extinguir benefícios que hoje garantem competitividade às indústrias instaladas aqui.
Nesse cenário, fortalecer o turismo se tornaria estratégico para ampliar receitas, atrair visitantes e gerar empregos. "Estruturas como a Lagoa Maior e o balneário municipal exigem investimentos de grande porte — algo difícil de ser viabilizado apenas com recursos públicos. A concessão controlada de serviços permite implementar atrativos que consolidariam Três Lagoas como destino turístico nacional", defende.

Turismo náutico
Jurado também encaminhou ao prefeito Cassiano Maia a sugestão de um Plano Integrado de Fomento ao Turismo Náutico nos rios Sucuriú, Paraná e Verde. Entre as ações propostas estão:
• criação de roteiros náuticos estruturados;
• implantação de pontos oficiais de embarque e desembarque;
• incentivo à pesca esportiva regulamentada;
• áreas demarcadas para esportes aquáticos;
• trilhas de observação da natureza;
• eventos e festivais náuticos;
• sinalização aquaviária e ambiental;
• estímulo a empreendimentos ribeirinhos;
• programas de educação ambiental;
• atividades de aventura controladas.

Caso receba aval da Câmara Municipal, a proposta da PPP defendida pelo vereador seguirá para avaliação conjunta com o Executivo.
A expectativa é que o tema passe a ser debatido de forma mais ampla nos próximos meses — desta vez, com foco no que a iniciativa realmente representa: um modelo de gestão que busca somar investimentos privados, qualificar o turismo e fortalecer a economia local.
Exemplos de PPPs turísticas pelo Brasil
A combinação de investimentos privados com coordenação pública tem ganhado força como alternativa para ampliar rapidamente a infraestrutura turística no Brasil.
Reportagem do Valor Econômico, de agosto deste ano, mostrou que o turismo já responde por 8% do PIB nacional, mas o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, avalia que esse número poderia subir significativamente com mais visitantes, desde que o país avance em obras e serviços capazes de melhorar a experiência dos viajantes.
Especialistas apontam as Parcerias Público-Privadas (PPPs) como instrumento decisivo nesse processo. O conselheiro da ONU Turismo, Daniel Nepomuceno, afirma que o modelo é capaz de destravar projetos, ampliar a concorrência no setor e tornar destinos mais acessíveis. Nesse formato, empresas assumem a responsabilidade de projetar, construir e operar equipamentos turísticos, recebendo remuneração ao longo do contrato — seja do governo, dos usuários ou de ambos. Para José Henrique Azeredo, diretor da RTSC, PPPs bem estruturadas unem o interesse público à eficiência da iniciativa privada.
Embora não existam dados específicos sobre PPPs aplicadas ao turismo, um levantamento da consultoria Radar PPP, mostrado na reportagem do Valor, aponta R$ 213 bilhões em investimentos no âmbito estadual por meio desse tipo de parceria. O movimento também tem avançado nas cidades. Em Natal (RN), por exemplo, a Câmara Municipal aprovou recentemente um marco regulatório próprio para fomentar parcerias e atrair novos investimentos, fortalecendo um setor que já é essencial à economia local.
Um dos casos mais emblemáticos é o Polo Turístico Cabo Branco, na Paraíba, considerado um dos maiores complexos planejados do país. O governo estadual estruturou o projeto com compra de terrenos e implantação de infraestrutura, como saneamento e telecomunicações, viabilizando a entrada de resorts, parques e equipamentos de lazer. O polo já possui o Centro de Convenções de João Pessoa e nove empreendimentos contratados, consolidando-se como referência nacional de desenvolvimento turístico, impulsionado por parcerias público-privadas.
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