O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumpriu sete mandados de prisão na Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta terça-feira (21), para investigar desvios na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. Segundo os promotores, estima-se que cerca de R$ 6 milhões foram desviados nos últimos cinco anos.
O Ministério Público Estadual executou 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Os crimes investigados incluem organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, entre outros.
Francisco Cezário de Oliveira, presidente da Federação de Futebol desde 1998, é um dos alvos da operação. Veículos do Gaeco foram vistos na sede da FFMS. Devido ao envolvimento de advogados, a Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) acompanhou a operação.
As investigações, que duraram 20 meses, revelaram a existência de uma organização criminosa dentro da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, cujo principal objetivo era desviar fundos provenientes da Fundesporte (Fundação de Desportos de Mato Grosso do Sul) e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Uma das estratégias de desvio incluía saques frequentes em espécie de contas bancárias da Federação, sempre em valores inferiores a R$ 5.000,00 para evitar alertar os órgãos de controle. Esses valores eram então divididos entre os membros do esquema.
Os promotores descobriram que foram realizados 1.200 saques de R$ 5 mil, totalizando mais de R$ 3 milhões, para evitar detecção pelo COAF, o órgão responsável pelo combate à lavagem de dinheiro.
Além disso, o esquema criminoso envolvia o desvio de diárias de hotéis pagos pelo Estado de Mato Grosso do Sul durante os jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
“Esse esquema de peculato se estendia a outros estabelecimentos, todos recebendo altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver parte dos valores cobrados aos integrantes do esquema, seja na contratação de serviços ou produtos”, explicou o Gaeco em nota.
Durante as diligências, foram apreendidos mais de R$ 800 mil em espécie.
O nome da operação, Cartão Vermelho, é uma referência clara ao cartão usado pelos árbitros para expulsar jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.