Impulsionado pela força da biomassa, Mato Grosso do Sul se consolida como o segundo maior produtor de energia renovável do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo.
Atualmente, 94% da capacidade elétrica instalada no estado é proveniente de matrizes limpas, resultado direto da força dos setores de celulose, sucroenergético, hidrelétrico e fotovoltaico.
O protagonismo sul-mato-grossense é evidenciado pelo trabalho do Instituto SENAI de Inovação em Biomassa (ISI Biomassa), unidade da Embrapii localizada em Três Lagoas, que atua no desenvolvimento de pesquisas, validação de processos tecnológicos e apoio à inovação em empresas parceiras.
Segundo o instituto, já foram investidos mais de R$ 40 milhões em projetos voltados à produção de energia renovável e novos biocombustíveis, como etanol de 2ª geração, hidrogênio renovável, biodiesel e HVO.
Em 2024, o estado alcançou a marca de 9.843 MW de capacidade instalada em energia limpa, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior. Do total, 94,1% vêm de fontes renováveis, consolidando o compromisso do estado em suprir o crescimento industrial com uma matriz sustentável e alinhada à transição energética.

A celulose como motor de transformação
Grandes players têm contribuído para esse avanço. A Eldorado Brasil, por exemplo, opera a usina termoelétrica Onça Pintada, movida a biomassa, com capacidade de 50 MWh — volume suficiente para abastecer uma cidade de 700 mil habitantes. O excedente gerado é comercializado no mercado de energia.
Esse cenário também é reforçado pela expansão da indústria de celulose. Para especialistas, o rápido crescimento da produção de eucalipto no estado torna natural a liderança em biomassa, já que as próprias fábricas possuem centrais energéticas capazes de suprir a demanda interna e ainda fornecer excedente à rede elétrica.

Além da celulose, os setores sucroenergético e de etanol de milho somam forças no fornecimento de biomassa para geração de energia, colocando Mato Grosso do Sul no epicentro de um modelo sustentável de desenvolvimento industrial.
A busca por alternativas sustentáveis está diretamente ligada ao enfrentamento das mudanças climáticas. Especialistas ressaltam que reduzir a dependência de combustíveis fósseis é urgente para evitar riscos globais. Nesse contexto, o setor produtivo sul-mato-grossense tem investido pesado em inovação e energia limpa, com projetos que envolvem sucroenergético, óleo e gás, mineração, siderurgia, cimento, agronegócio, celulose, papel, automotivo, entre outros segmentos.
Diversificação e inovação
Além dos projetos de biomassa, a Embrapii mantém dezenas de contratos em andamento em áreas como agroindústria, alimentos e bebidas, aplicando biotecnologia na agricultura, otimizando processos produtivos e modernizando máquinas e equipamentos voltados ao agronegócio.
Essas iniciativas ampliam a competitividade, diversificam a economia e reforçam Mato Grosso do Sul como referência em inovação agroindustrial.
Com esse conjunto de ações, o estado não apenas se afirma como potência em energia renovável, mas também se coloca como um dos grandes protagonistas da transição energética no Brasil.