Apesar das adversidades climáticas enfrentadas durante o ciclo 2024/2025, o Brasil alcançou a segunda maior produção de cana-de-açúcar de sua história, com 676,96 milhões de toneladas colhidas, segundo o 4º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). E Mato Grosso do Sul terá um papel fundamental no reforço desse desempenho nacional, contribuindo de forma expressiva com sua produção crescente e com investimentos robustos no setor sucroalcooleiro.
Embora o volume nacional represente uma retração de 5,1% em relação ao recorde da safra anterior (2023/2024), o Centro-Oeste, onde MS se destaca como um dos principais produtores, manteve sua produção praticamente estável, com 145,3 milhões de toneladas – um avanço de 0,2%. O resultado comprova a resiliência do setor no Estado, que continua a expandir sua área plantada e atrair novos investimentos.
A área cultivada com cana no Centro-Oeste cresceu 4%, alcançando 1,85 milhão de hectares, e embora a produtividade média tenha tido leve queda (78.540 quilos por hectare), a performance permanece entre as melhores do país. Em Mato Grosso do Sul, diversas usinas têm ampliado suas operações, apostando na modernização tecnológica e na diversificação produtiva.
Investimentos em alta
Mato Grosso do Sul vive um ciclo positivo de expansão no setor sucroalcooleiro, com novos projetos sendo instalados e antigas unidades ganhando reforço em capacidade e inovação.
A produção de etanol, por exemplo, tem sido impulsionada tanto pela cana quanto pelo milho, modelo de negócio que tem crescido fortemente na região.
Usinas como as de Nova Alvorada do Sul, Maracaju, Chapadão do Sul e Costa Rica vêm adotando tecnologias mais eficientes de colheita, irrigação e processamento, gerando emprego, renda e energia limpa. Além disso, o etanol de milho, que registrou crescimento de 32,4% no país, tem se tornado uma alternativa competitiva e estratégica no Estado.
O setor também está integrado ao plano de descarbonização da matriz energética brasileira, sendo parte fundamental na transição para combustíveis mais limpos. A contribuição de MS, nesse sentido, é cada vez mais relevante, tanto pela produção quanto pela logística que permite abastecer mercados internos e externos.
Etanol
A produção nacional de etanol cresceu 4,4%, somando 37,2 bilhões de litros, apesar da redução de 1,1% no volume proveniente da cana-de-açúcar. O etanol fabricado a partir do milho foi o grande responsável pela alta, com 7,84 bilhões de litros, comprovando o avanço desse segmento — especialmente no Centro-Oeste.
No caso do açúcar, a produção ficou em 44,1 milhões de toneladas, queda de 3,4%, reflexo direto da menor disponibilidade de cana. Ainda assim, trata-se do segundo maior volume já registrado na série histórica da Conab, sustentado pela alta demanda internacional.
As exportações de açúcar se mantiveram em 35,1 milhões de toneladas, consolidando o Brasil como principal fornecedor global. No entanto, a receita caiu 8,2% devido à retração dos preços internacionais. Já o etanol teve queda mais significativa nas exportações: 1,75 bilhão de litros embarcados, recuo de 31% em relação à safra passada.
Foco em sustentabilidade
Os impactos da pandemia de covid-19 acenderam o alerta sobre a dependência brasileira de insumos importados. Desde então, setores estratégicos como o sucroenergético passaram a receber maior atenção nas políticas públicas. Com o apoio de programas federais e estaduais, a expectativa é que o Complexo Econômico-Industrial da Bioenergia ganhe mais protagonismo, especialmente em estados como MS.
A tendência é de continuidade dos aportes no segmento, com destaque para ações voltadas à sustentabilidade, inovação e geração de energia limpa, em linha com a nova política industrial do país e os compromissos ambientais firmados pelo Brasil.
Mato Grosso do Sul, com sua forte vocação agrícola e industrial, se posiciona como protagonista nesse processo, garantindo sua participação na transformação energética e no crescimento sustentável da matriz sucroalcooleira brasileira.