O Governo de Mato Grosso do Sul oficializou, na última quinta-feira (6), a incorporação das rodovias BR-262 (entre Três Lagoas e Campo Grande) e BR-267 (de Bataguassu a Nova Alvorada do Sul) ao patrimônio estadual. A transferência foi publicada no Diário Oficial da União, consolidando um movimento histórico de descentralização da malha viária federal em direção ao Estado.
As duas estradas passam agora a integrar oficialmente a Rota da Celulose, um conjunto de 870 quilômetros de rodovias que será administrado pela iniciativa privada por meio de concessão. O pacote inclui ainda as rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395, todas localizadas na região leste do Estado — eixo estratégico que concentra os maiores empreendimentos de celulose do país, como Suzano, Eldorado e, futuramente, Arauco e Bracell.
O investimento total previsto para a concessão é de R$ 10,1 bilhões em 30 anos, sendo R$ 6,9 bilhões em obras e melhorias e R$ 3,2 bilhões em custos operacionais. Entre as intervenções obrigatórias estão 146 km de duplicações, 457 km de acostamentos, 245 km de terceiras faixas e 38 km de contornos urbanos, além de passagens de fauna, novas pontes, acessos e dispositivos de segurança.
O plano de concessão prevê ainda 12 praças de pedágio com cobrança 100% eletrônica, pelo sistema Free-Flow, com tarifas diferenciadas para pista simples e pista dupla — R$ 0,19 e R$ 0,26 por quilômetro, respectivamente — e isenção para motocicletas. Haverá também descontos progressivos de até 20% conforme a frequência de uso.
“Essa concessão é um marco para o futuro logístico e econômico de Mato Grosso do Sul. A Rota da Celulose é mais do que um corredor de transporte — é uma via de desenvolvimento que liga o interior ao mundo”, destaca o secretário da Semadesc/MS, Jaime Verruck.
Disputa judicial adia os planos
Apesar do avanço administrativo, a Rota da Celulose segue envolvida em disputa judicial. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) analisa um mandado de segurança da empresa K Infra Concessões e Participações Ltda., integrante do Consórcio K&G, desclassificado do leilão realizado em maio deste ano.
O Consórcio K&G, formado pela Galápagos Participações Ltda. e pela K Infra, havia vencido o certame ao oferecer desconto de 9% nas tarifas de pedágio e aporte de R$ 217 milhões. Contudo, foi desqualificado após recurso do Consórcio Caminhos da Celulose, segundo colocado, que alegou irregularidades na documentação técnica e questionou a capacidade da empresa líder.
Com o acolhimento do recurso, a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Seilog) homologou o resultado favorável ao segundo colocado, formado por oito empresas lideradas pelo fundo XP Infra V. A K Infra, por sua vez, contesta a decisão e argumenta que sua desclassificação carece de fundamentação jurídica.
Nova etapa para o desenvolvimento da Costa Leste
A Rota da Celulose é considerada um dos projetos estruturantes mais relevantes de Mato Grosso do Sul, conectando polos industriais, agrícolas e logísticos da Costa Leste ao restante do país. Quando plenamente executada, deverá reduzir custos de transporte, melhorar o escoamento da produção e impulsionar o turismo e a economia regional.
Com a transferência definitiva das rodovias federais, o Governo do Estado agora aguarda a definição judicial para dar andamento à assinatura do contrato e ao início efetivo das obras.



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