Mato Grosso do Sul está passando por uma transformação significativa em sua matriz produtiva com a rápida expansão da citricultura. Já são mais de 15 mil hectares de laranjais em produção, e o Estado caminha para atingir 30 mil hectares plantados nos próximos anos — meta estratégica para viabilizar a instalação de uma indústria de suco concentrado.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), esse movimento faz parte de uma política estadual de diversificação econômica, que alia crescimento agrícola à industrialização regional. O secretário Jaime Verruck explica que a citricultura, aliada a outras culturas como o amendoim, vem ocupando áreas antes degradadas, gerando emprego e atraindo novos empreendimentos.
“O ciclo é claro: ampliamos o plantio, criamos escala, garantimos a segurança sanitária, atraímos a indústria e geramos emprego e renda para a população”, resume Verruck.
Crédito, incentivos e ambiente favorável
Para fomentar a expansão do setor, o governo estadual articulou junto ao Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) uma linha de crédito específica para citricultura, voltada a pequenos, médios e grandes produtores. O financiamento cobre desde a compra de mudas até a implantação de sistemas de irrigação e infraestrutura.
Além do apoio financeiro, o Estado concedeu incentivos fiscais, como crédito presumido de 80% do ICMS para operações interestaduais de laranja destinada à industrialização. Medidas que reforçam o compromisso em criar um ambiente favorável ao desenvolvimento da cadeia produtiva.
Outro diferencial competitivo de MS é o status sanitário. O Estado é livre da praga greening — uma das maiores ameaças à citricultura brasileira, que afeta especialmente São Paulo — o que oferece mais segurança e previsibilidade aos investidores.
Empresas já apostam no futuro promissor
Cinco grandes grupos do setor já anunciaram projetos robustos em Mato Grosso do Sul, somando R$ 2,1 bilhões em investimentos.
- A Cutrale, por exemplo, iniciou o plantio de 1,7 milhão de pés de laranja em Sidrolândia, com previsão de atingir 4,8 mil hectares até 2026. A produção estimada é de 8 milhões de caixas por ano.
- Em Ribas do Rio Pardo, a Cambuhy Agropecuária (Grupo Moreira Salles) está investindo R$ 1,2 bilhão em um projeto de 8 mil hectares, com expectativa de gerar mais de 3,6 mil empregos diretos e indiretos.
- O grupo Junqueira Rodas iniciou o plantio em Paranaíba (1.500 hectares) e planeja expandir para 2.500 hectares em Naviraí.
- A Agro Terena está implantando 1.200 hectares de pomares em Bataguassu.
- Já a Citrosuco desenvolve seu projeto inicial e acompanha a ampliação da base produtiva estadual.
Com esses investimentos, o Estado se aproxima do ponto de inflexão necessário para receber uma fábrica de suco concentrado e congelado, voltada tanto ao mercado interno quanto à exportação. Segundo Verruck, quando a área plantada ultrapassar 32 mil hectares, a instalação da indústria será inevitável.
Crescimento econômico impulsionado pelo agro
O avanço da citricultura acompanha o bom desempenho do agronegócio sul-mato-grossense. Segundo projeções do Banco do Brasil, o PIB estadual deve crescer 5,5% em 2025, puxado principalmente pelo setor agroindustrial.
“Se no ano passado a agropecuária recuou, este ano deve crescer 8,5%. Esse movimento tem reflexo direto na indústria, no comércio e na geração de empregos”, destaca o secretário.
Mato Grosso do Sul, com solo fértil, clima favorável e infraestrutura logística em expansão, posiciona-se cada vez mais como uma nova potência nacional no setor de citros — e, futuramente, também no mercado de sucos.