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Polícia Civil resgata trabalhadores rurais em situação análoga à escravidão em Brasilândia

Foto:
Rogério Potinatti
26/8/2025
às
8:00

Seis homens, com idades entre 38 e 51 anos, foram resgatados em condições degradantes de trabalho em uma fazenda de Brasilândia. A operação da Polícia Civil flagrou alojamentos improvisados em currais e depósitos insalubres, jornadas exaustivas de mais de nove horas diárias, falta de equipamentos de proteção e restrição de locomoção.

foto: Polícia Civil/MS

Conforme a Promotoria, muitos eram impedidos de sair da propriedade e até precisavam comprar alimentos e produtos de higiene dos próprios aliciadores, com descontos abusivos em seus salários.

A ação terminou com a prisão em flagrante de dois gerentes da fazenda e a apreensão de caminhonetes e documentos que devem reforçar o inquérito. O delegado responsável, Avelino Rafael Mantovani, conduz as investigações.

Logo após o resgate, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul entrou em ação para garantir o acolhimento imediato das vítimas. Os homens estão recebendo apoio jurídico, social e humanitário. Metade já passou pela unidade da Defensoria em Brasilândia, onde são auxiliados na emissão de documentos e no processo de recuperação de suas dignidades.

Abrigo, roupas e alimentação foram fornecidos pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), em uma resposta articulada entre órgãos públicos.

Para a defensora Sara Zam Segura Marçal, responsável pelo caso, as condições encontradas configuram uma afronta direta à dignidade da pessoa humana. “As vítimas relataram alojamentos precários, restrição de liberdade, descontos ilegais e alimentação insuficiente. É um cenário de brutal violação de direitos humanos, que não pode ser tolerado em um país democrático”, afirmou.

Ela destacou ainda que o atendimento é feito de forma integrada, com apoio de assistentes sociais, técnicos e estagiários da instituição.

Próximos passos

Os trabalhadores devem ser acompanhados pelo Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), que dará continuidade ao suporte. Se um processo judicial for instaurado, a Defensoria atuará na defesa das vítimas para garantir reparação legal e indenizações cabíveis.

Enquanto isso, a investigação busca identificar todos os responsáveis, incluindo possíveis mandantes ligados ao grupo econômico dono da fazenda.