Você já se sentiu um influenciador de pessoas?
Essa pergunta me atravessou de um jeito inesperado durante uma palestra da Ana Paris (Apresentadora do TH+ SBT Interior, roteirista e criadora de conteúdo).
Ela surgiu ali, no meio do encontro, e me pegou de surpresa. Eu senti vontade de levantar a mão. Mas não levantei. Não por falta de certeza, mas talvez por aquele velho hábito de pensar demais. De medir, de observar antes de agir.
Voltei pra casa com essa pergunta martelando em mim. Porque sim, influenciamos pessoas o tempo todo. Com nossas palavras, nossos silêncios, escolhas e até com aquilo que não fazemos. Não precisa estar nas redes, ter um microfone, milhares de seguidores ou uma plateia, basta existir em relação. Somos seres de trocas constantes, espelhos que se refletem uns nos outros.
E há uma beleza delicada nisso: perceber que mesmo nas nossas inseguranças, nas pausas e hesitações, também deixamos marcas. Às vezes achamos que é preciso estar prontos, seguros, certos de tudo, para então sermos exemplo. Mas o que move o outro, na maioria das vezes, é justamente aquilo que é genuíno. Aquilo que pulsa vivo, em processo.
Às vezes, ficamos presos na ideia de tentar mudar o outro, de mostrar um caminho, de convencer. Mas o que realmente transforma ao redor é quando mudamos algo dentro de nós. Quando ocupamos com verdade o nosso próprio lugar. Quando, em vez de apontar o que o outro deveria fazer, nos perguntamos: o que eu posso mover em mim?
Quando a gente começa a olhar com mais compaixão para as nossas feridas, quando escolhemos ser mais verdadeiros com aquilo que sentimos, quando rompemos padrões que já não nos servem mais. É como se um campo ao nosso redor se reconfigurasse.
As pessoas percebem, mesmo que não saibam nomear. Sentem que algo mudou. Que há mais leveza no nosso olhar, mais verdade na nossa presença. E, sem que a gente diga nada, elas também se sentem convidadas a se transformarem. Porque aquilo que é vivido de dentro para fora tem um tipo especial de força: a força do exemplo silencioso.
É nesse espaço de um processo que é terapêutico, que coisas lindas florescem. Porque é ali, no encontro consigo, que nasce a verdadeira influência: aquela silenciosa, mas profunda, que reverbera. Que inspira sem impor. Que convida, sem exigir.
Então, volto pra você com a mesma pergunta que me atravessou: você se sente um influenciador de pessoas?
Talvez sua resposta não precise ser falada em voz alta. Mas que ela te leve a um lugar mais sincero, mais seu.
Porque às vezes, é quando o silêncio levanta a mão… que tudo começa a mudar.
Aproveito o ensejo, para agradecer com carinho à Ana Paris, por aquele instante tão simples, mas tão potente. Foi uma virada de chave suave, como quem abre uma janela e deixa entrar um vento novo. Aquela pergunta que ela lançou, quase despretensiosa, ressoou em mim por dias, abrindo espaços, despertando reflexões, mexendo em cantinhos esquecidos. À sua maneira doce e firme, ela me influenciou profundamente — e talvez nem saiba o quanto. Mas eu sei. E é com esse saber no peito que deixo aqui minha gratidão.