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Rebanho de gado de corte diminui em MS, mas produção de carne aumenta

Foto: reprodução
Da redação
22/8/2024
às
7:20

Em um período de 22 anos, o rebanho de gado de corte no estado de Mato Grosso do Sul teve redução de 17% e a produção de carne cresceu em 9% devido à Integração Lavoura-Pecuária

Durante o 6º Seminário Técnico de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) na Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), realizado no dia 8 de agosto, o engenheiro agrônomo Dirceu Luiz Broch, presidente na MS Integração e pesquisador, informou que, de 2010 a 2024, houve redução de área de pastagens em 21% (de cerca de 22 mi/ha para 17 mi/ha), enquanto houve aumento em áreas remanescentes, de grãos, de florestas plantadas e de cana-de-açúcar.

O engenheiro agrônomo Dirceu Luiz Broch (Foto: Divulgação)
“O motivo de a pecuária ter perdido espaço para outras atividades? Cabe uma reflexão. Quem é o culpado? Isso é questão de mercado”, analisou.

Na palestra sobre o “Panorama da Integração Lavoura-Pecuária em MS”, Broch com dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), informou que o estado possui, em 2024, aproximadamente 3 milhões de hectares em ILP.

“O Sistema ILP evoluiu muito até os dias atuais nesses 30 anos: novas variedades de soja, espécies forrageiras, mix de forrageiras, manejo do gado, genética do gado, irrigação em sistema ILP, etc. Praticamente o sistema ILP nasceu no Centro-Oeste aqui em MS, no município de Maracaju, na propriedade de Ake B. van der Vinne e Krijn Welemaker que desejavam aumentar a palha no Sistema Plantio Direto e rotacionar culturas com a soja”, contou.
Mesmo com diminuição de rebanho em Mato Grosso do Sul, houve aumento na produção de carne, “o que é reflexo da ILP”, garante Broch.

No período de 22 anos, o rebanho do estado diminuiu em 17% e a produção cresceu em 9%. É uma atividade que está em todo o território de MS, mas enfrenta o problema da qualidade da pastagem: de 30% a 40% de pastagens estão em algum grau de degradação, o que faz perder a rentabilidade e a sustentabilidade na produção.

Segundo o engenheiro agrônomo, se o produtor rural não começar a integrar de forma mais profissional vai continuar perdendo área para a soja, cana-de-açúcar, eucalipto e outras atividades que são demandadas pelo mercado.

Entre as vantagens do sistema de integração estão a estabilidade e a segurança. Em momentos de seca e instabilidade, por exemplo, o produtor de ILP encontra-se numa situação financeira melhor do que em áreas de sistema convencional. “A ILP é um sistema conservacionista: aumenta palha, aumenta a rotação de culturas, aumenta crédito de carbono, reduz a evapotranspiração do solo, entre outros pontos positivos”, pontuou.

Novos produtores ingressaram, mais pecuaristas do que agricultores. Apesar disso, a adesão de pecuaristas e agricultores à ILP “ainda deixa a desejar perto dos benefícios do sistema”, garante o palestrante.

Entre os desafios para a inserção do produtor rural na ILP estão a necessidade de vocação, o gosto pela atividade, tanto por parte do pecuarista quanto do agricultor; de experiência na atividade; o medo do desconhecido; o custo para o pecuarista (a exemplo de máquinas e correção de solo), o custo para o agricultor (como a montagem de cerca, compra de gado); e a ILP versus o arrendatário: como montar infraestrutura em área arrendada, como manejar o rebanho, manejar corretamente a altura do pasto para não comprometer a produtividade da soja.

Mas, apesar dos desafios, a Integração Lavoura-Pecuária possui mais vantagens do que desvantagens. A integração produz palha em quantidade suficiente para aumentar a produção da cultura da soja e viabiliza o cultivo da oleaginosa em solos arenosos.

“Milho safrinha não gosta de areia, não é lucrativo. Depois da soja, a pecuária é a única atividade rentável que ajuda a pagar a conta, é o casamento perfeito [da pastagem] junto com a soja, principalmente em solos arenosos”, afirmou Broch.

Na safra de 2023/24, ano muito seco, a média de produtividade da soja em Mato Grosso do Sul foi de 48,84 sc/ha. Broch relatou que, na Fazenda Cabeceira (Maracaju, MS), a produtividade média da soja foi de 70 sc/ha, com alguns talhões chegando a 87 sc/ha, devido aos benefícios da ILP.

Em relação à pecuária, o rendimento de carcaça foi de 53%, com sistema de cria/recria/engorda (não compram animais), a venda de animais (raças Brangus e Braford) foi realizada com média de 17 meses e média de 18@/cabeça.

Com relação à adubação, ele recomendou a aplicação de fósforo e potássio na pastagem “e não se aduba a soja”, adubando com sulfato e amônio em setembro e ureia protegida em janeiro.

Um pasto se degrada cerca de 30% se não for adubado de um ano para o outro. “O pasto tem que estar rodando, recuperando ou entrando com nitrogênio para não deixar ele cair”, alerta.

A rentabilidade em reais (R$) do Sistema ILP na Fazenda Cabeceira em 2024 foi de R$ 2.520,00 para a soja, R$ 453,75 para o milho safrinha e R$ 297,00 para a pecuária no verão.

“Mesmo com sistema tecnificado, a pecuária teve menor rentabilidade que a soja e o milho, mas foi a integração que possibilitou a maior rentabilidade das duas culturas, porque aumentou a palhada e fez a melhoria do solo”, garantiu Dirceu Broch.

6º Seminário Técnico de ILP

Realizado anualmente, o seminário em 2024 aconteceu na Embrapa Agropecuária Oeste e contou com mais de 100 participantes entre produtores rurais, técnicos e pesquisadores.

Para assistir ao evento completo, acesse o canal da Embrapa no YouTube.