Podemos considerar que Três Lagoas inaugurou a sua fase decisiva de industrialização a partir de 1997, decorrência da política de atração do governo do Estado e o marco histórico deste esforço pode ser considerado a instalação da fábrica da Mabel em nossa cidade.
A corrida territorial pela atração de grandes e médias industrias em Mato Grosso do Sul certamente foi vencida por Três Lagoas
Em uma década, Três Lagoas atraiu dezenas de fábricas que somaram para a consolidação de um importante polo de produção têxtil, de confecções e calçadista.
Estou assumindo aqui a importância da política de atração industrial para Três Lagoas, estou assumindo aqui o marco histórico que simboliza a ruptura com a base do desenvolvimento do passado e o nascimento de um novo momento produtivo e econômico que mais tarde levaria Três Lagoas à posição de capital da produção industrial do MS.
Em 2007, ou seja, uma década após o anuncio da construção da Mabel (marco inaugural da industrialização local), acontece o anúncio e os primeiros movimentos da construção da primeira fábrica de transformação das florestas plantadas de eucalipto em celulose.
Em 2010 a tendência econômica é confirmada com o início da construção da Eldorado Brasil. Todo o ritmo de cidade pujante vivido com a construção da fábrica da Votorantim é revivido.
Em 25 anos, ou seja, entre 1997 e 2023, Três Lagoas passou por um dos mais surpreendentes movimentos de modernização produtiva, crescimento econômico e transformação urbana do Brasil.
Enfim, a cidade perdeu o lastimável título de capital da região mais marginalizada produtivamente do MS e se tornou referência em crescimento.
Em menos de 20 anos, passamos de um PIB de R$ 450 milhões (2000) para R$ 11,5 bilhões (2019). Os números são ainda mais impressionantes ao analisarmos a evolução do orçamento de Três Lagoas, que saiu de R$ 235 milhões em 2011 para cerca de R$ 1,3 bilhões atualmente.
Mas então o que deve ser feito para mantermos o nosso ritmo e continuar transformando a nossa sociedade?
Três Lagoas é o mais impressionante centro da produção industrial do Estado, pois detém um PIB industrial de cerca de 55% - o que a coloca na 45 posição no Brasil -com um terço da produção da indústria do MS e cerca de 50% do volume de exportação do Estado.
A cidade aparece desde meados da década passada entre as 100 cidades mais dinâmicas do Brasil. Em 2014 foi destaque nacional ao ocupar a posição de cidade com maior crescimento econômico do país, de acordo com a Revista Exame.
Do ponto de vista social, ou seja, da mudança de vida das pessoas que escolheram Três Lagoas para viver e trabalhar, podemos considerar a expressividade das vagas de trabalho geradas, pois a cidade atualmente ocupa posição de destaque em geração de empregos.
Além disso a estrutura urbana local se transformou na mesma velocidade da evolução produtiva. O incremento de receita pública possibilitou investimentos em infraestrutura urbana e em políticas públicas, sobretudo, saúde, educação e assistência social.
Porém, nos últimos anos, questões como o encerramento de operações de várias indústrias e o enfraquecimento de alguns setores industriais com forte atuação local, nos fazem discutir quais as novas portas que deverão ser abertas para garantir a sustentabilidade do nosso desenvolvimento.
Turismo
Neste sentido, tenho insistido que o turismo é uma das nossas maiores potencialidades econômicas ainda pouco explorada. O turismo as margens do lago de Jupiá, seja um simples banho de rio ou um passeio de lancha pelo ‘Caribinho’ é algo de muita satisfação. O turismo de eventos, o turismo de aventura... enfim, temos um potencial incrível para sermos referência na exploração da atividade econômica com maior capacidade de fixar territorialmente os resultados financeiros obtidos.
Polo tecnológico
Outra ideia que eu enxergo com otimismo e entendo que boa parte das exigências para dar certo já estão disponíveis, é a ideia de Três Lagoas se tornar o polo tecnológico do MS. O ambiente é muito favorável, uma vez que temos os institutos tecnológicos de formação de mão de obra, temos as grandes empresas consumidoras de tecnologia e temos uma sociedade civil organizada e unida pela causa.
UFN3
Ainda existe a possibilidade da UFN3 sair do papel. Se isso acontecer, e ao menos uma parte do projeto inicial ser mantida, eu insisto em dizer que a operação da UFN3 pode ser o maior fenômeno econômico da nossa história, uma vez que terá um impacto na oferta de fertilizantes no Brasil, considerando que o complexo produtor tem potencial para atender cerca de 20% da demanda brasileira. Isso sem contar com a grande capacidade de atração de outras indústrias interessadas em terminarem neste território a cadeia de transformação do fertilizante em outros produtos.
Cadeia produtiva da celulose
Agora a questão mais acessível e com poder de mudar a realidade econômica local é o fortalecimento estratégico de atração de empresas que completem aqui a cadeia produtiva da celulose, produzida nas fábricas de Três Lagoas. Esta estratégia resolve no longo prazo o nosso problema de perda de competividade após o fim dos prazos de incentivos, uma vez que tais indústrias atraídas, passaram a ter outras justificativas para a fixação territorial, neste caso a matéria prima na porta.
De maneira bem resumida, eu vejo que são estas as potencialidades econômicas que devem manter o equilíbrio do desenvolvimento neste novo ciclo produtivo local.
Por: Fernando Jurado
Instagram: @fernandojuradotl