.png)
A construção da nova megafábrica de celulose da Arauco, em Inocência, está movimentando uma operação logística sem precedentes no Brasil. Para erguer a planta — que será a maior do mundo — cerca de 60 mil viagens de caminhões serão necessárias para transportar equipamentos gigantescos vindos de diferentes continentes.
O pacote engloba toda a linha industrial e os sistemas essenciais do processo de fabricação da celulose, com itens que incluem digestores, caldeiras de recuperação, evaporadores, forno de cal, automação e muito mais. Tudo isso saindo de 18 países, entre eles China, Alemanha, Estados Unidos, Taiwan e diversas nações europeias.
A fornecedora responsável pelo coração tecnológico da unidade é a finlandesa Valmet, que assinou o maior contrato de sua história para equipar o chamado Projeto Sucuriú e atenderá em um centro de serviços, instalado em Três Lagoas.
Segundo Cesar Augusto Hein, coordenador de Logística da Valmet para a América Latina, a escala do projeto impressiona até mesmo equipes experientes.
A viagem marítima dos equipamentos até o Brasil leva em média 50 dias, seguida de um itinerário terrestre complexo que envolve escoltas, autorizações especiais e deslocamentos lentos por causa do tamanho das cargas. Um exemplo é o enorme balão da caldeira, cujo conjunto completo pesa 507 toneladas e avança pelas estradas a apenas 20 km/h.
Os materiais chegam principalmente pelos portos de Santos e Paranaguá antes de seguir para o canteiro de obras em Inocência. A região leste de Mato Grosso do Sul já sente o impacto do fluxo de carretas que transportam essas peças colossais.
A obra também demanda grandes quantidades de aço e componentes estruturais. Já foram entregues 25% das 20 mil toneladas de estruturas metálicas previstas, além de cerca de 3 mil contêineres e 1.100 cargas do tipo break-bulk.
Aproximadamente metade das 6 mil toneladas de tanques já está no canteiro, assim como mil toneladas das 6 mil toneladas de tubulações.
Hein antecipa que o período mais intenso da logística será entre janeiro e maio de 2026, quando o projeto deve receber cerca de 400 cargas por mês.
Para dar conta da operação, a Valmet mobilizou uma equipe de cem profissionais dedicados exclusivamente ao gerenciamento dessa etapa.
Mega projeto
Quando concluída, a fábrica da Arauco terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, consolidando Mato Grosso do Sul como polo global do setor.
Será a quinta unidade industrial do tipo no estado.
A construção, iniciada com terraplanagem no ano passado e oficialmente lançada em abril deste ano, deve envolver até 14 mil trabalhadores em seu pico.
A operação industrial, prevista para começar no final de 2027, deve gerar cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos na planta, na logística e na cadeia florestal.
