Reconhecido nacionalmente como o “Vale da Celulose”, Mato Grosso do Sul se prepara para um dos leilões de infraestrutura mais aguardados do ano.
Nesta quinta-feira (8), quatro grandes grupos disputam a concessão da Rota da Celulose, um complexo rodoviário essencial para a cadeia produtiva do setor florestal, que conecta algumas das principais regiões produtoras do Estado. O certame será realizado na sede da B3, em São Paulo, e prevê R$ 10,1 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos.
O projeto envolve a concessão de 870,3 quilômetros de rodovias — entre trechos das BRs-262 e 267, e das estaduais MS-040, MS-338 e MS-395 — com foco em recuperação, duplicação, ampliação de capacidade e implantação de tecnologias modernas, como pedágio 100% eletrônico (sistema free-flow). A empresa vencedora será definida com base no maior desconto tarifário e deverá assumir compromissos robustos de obras, incluindo 115 km de duplicações, 457 km de acostamentos e 245 km de terceiras faixas.
Os ajustes feitos no modelo de concessão após a primeira tentativa frustrada em 2023 — como a redução dos investimentos obrigatórios nos primeiros anos — atraíram o interesse de quatro gigantes: BTG Pactual, KInfra, XP e Way Kinea. Essas empresas já atuam em concessões rodoviárias em diferentes estados do país e agora voltam suas atenções para o potencial logístico e econômico do leste sul-mato-grossense.
Além das melhorias nas estradas, o projeto prevê a instalação de 12 praças de pedágio com tarifas diferenciadas para veículos leves em pistas simples (R$ 0,19/km) e duplas (R$ 0,26/km). Motociclistas serão isentos, e usuários que optarem por tags eletrônicas terão descontos progressivos de até 20%, incentivando a adesão à tecnologia e a fluidez no tráfego.

A concessão inclui intervenções importantes como contornos urbanos, passagens de fauna, acessos e obras de arte especiais (pontes e viadutos). Entre os trechos estratégicos estão os contornos de Santa Rita do Pardo, Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Bataguassu, além da ampliação dos postos fiscais da Sefaz e das bases da PRF e PMRv.
A iniciativa integra a estratégia do Governo de Mato Grosso do Sul de transferir à iniciativa privada a responsabilidade pela modernização da infraestrutura logística, ao mesmo tempo em que reduz a pressão sobre os cofres públicos. Ao reforçar a conexão entre as cidades do “Vale da Celulose”, o leilão deve impulsionar a competitividade do setor e facilitar o escoamento da produção florestal e industrial.
O Estado é responsável por 24% da produção nacional de celulose e ocupa a vice-liderança em área plantada com florestas de eucalipto. Com quatro fábricas em operação e outras duas em fase de implantação — Arauco, em Inocência, e Bracell, em Bataguassu —, Mato Grosso do Sul vive um ciclo de expansão que gera mais de 26 mil empregos diretos e indiretos.
O Projeto de Lei 12/2025, de autoria do deputado Pedro Caravina, institucionaliza esse avanço ao criar oficialmente o “Vale da Celulose”, englobando 11 municípios estratégicos, como Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Brasilândia.