Em meio a desafios estruturais na saúde, segurança e infraestrutura, o Governo de Mato Grosso do Sul tem concentrado esforços na regulamentação de loterias estaduais.
Na terça-feira (25/2), a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) publicou um edital para contratar uma empresa especializada em tecnologia e meios de pagamento, com o objetivo de implantar um sistema de gerenciamento e fiscalização das atividades lotéricas.
A contratação será feita por pregão eletrônico, marcado para 17 de março, e prevê a criação de uma solução digital que integre pagamentos e acompanhe o fluxo financeiro das operações. A empresa vencedora também será responsável pela manutenção, ajustes e atualizações do sistema, entregando código-fonte e banco de dados completos ao governo ao final do contrato.
Enquanto o Executivo estadual avança rapidamente na regulamentação das loterias, outras demandas urgentes continuam sem soluções efetivas. A população, irritada, enfrenta dificuldades no acesso à saúde, com filas de espera para consultas e cirurgias, além da falta de investimentos na segurança pública, setores que constantemente demandam reforço orçamentário.
Os desabafos ocorrem, geralmente, nas redes sociais. Há reclamações de moradores em praticamente todos os municípios do Estado, principalmente em relação à falta de médicos, infraestrutura precária em relação ao saneamento básico, escolas e outros órgãos estaduais mal cuidados e falta de moradias populares, por exemplo.
Eles questionam a real necessidade de direcionar tempo e recursos para estruturar um mercado de jogos de azar, em vez de atender prioridades mais urgentes da população.
Caminho indefinido
Mesmo com a pressa na implementação da base tecnológica, o governo ainda não detalhou os modelos de loteria que serão adotados no estado. Segundo o edital, somente após essa fase inicial será aberta uma nova seleção para definir as empresas que poderão operar os jogos lotéricos em Mato Grosso do Sul.
A regulamentação das loterias estaduais é respaldada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu a estados e ao Distrito Federal o direito de instituir e administrar seus próprios sistemas de apostas. No entanto, o ritmo acelerado da iniciativa levanta dúvidas sobre quais setores realmente estão sendo priorizados pela gestão estadual.